O diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Tiago Couto Berriel, disse nesta terça-feira (29), durante workshop que trata sobre a solicitação brasileira para fazer parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que acredita no ingresso do Brasil na entidade.
Na avaliação do diretor, só o fato de pleitear o espaço sinaliza o compromisso efetivo do País com as reformas e a busca de normas internacionais.
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– Na hora que diz quer entrar, você sinaliza de uma maneira efetiva que está empenhado em uma série de reformas, num horizonte longo – comentou.
Ele afirmou, ainda, que o Banco Central quer aproveitar a oportunidade de adesão para "fazer reformas e adequações das normas brasileiras aos padrões internacionais".
– Com isso, se gera ambiente de negócios mais simples e mais fácil para investidores brasileiros e estrangeiros – disse.
– A OCDE é um ótimo paradigma para se alinhar as normas internacionais – reforçou.
Berriel disse que acredita que a entidade aceitará o pedido do Brasil e alguns fatores "saltam aos olhos" para lhe fazer acreditar que a entidade dará um parecer favorável.
– O sistema financeiro brasileiro tem poucas restrições passíveis de reserva, o investimento direto no Brasil é considerado em bom nível de liberalização – exemplificou.
O diretor do BC ponderou que, nesta área de investimentos, há algumas restrições constitucionais, justificadas muitas vezes por questão de segurança nacional, mas que isso "não é algo incomum" em outros países.
O diretor reforçou que "por mais que não seja mágico o efeito da adesão", a demonstração de comprometimento de que o País está em busca de padrões internacionais "deveria gerar retomada da confiança dos investidores".
– (o pedido de adesão) Se encaixa perfeitamente no contexto da nossa política econômica – afirmou, dizendo que entre as vantagens de fazer parte do grupo é que o País "passa a ter uma voz mais ativa, moldar o debate global".
Por fim, Berriel reconheceu que a proposta de adesão à OCDE deve demorar.
– É um trabalho árduo, mas que acredito que colheremos frutos – ponderou.
O pedido de adesão foi feito pelo governo brasileiro no fim de maio, mas até que o País seja aceito pode haver um intervalo de anos.
Além de Berriel, participam do seminário que ocorre no anexo do Palácio do Planalto e foi organizado pela Casa Civil, representantes do ministério da Fazenda, da Casa Civil, das Relações Exteriores e da própria OCDE.
O diretor do Centro de Política e Administração Fiscal da OCDE, Pascal Saint-Amans, também está presente. O workshop tem como objetivo discutir os Desafios e Oportunidade da Adesão do Brasil à OCDE.