Em visita à região carbonífera do Estado, na tarde desta segunda-feira (24), o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, confirmou a intenção de realizar novo leilão de energia até o fim do ano, com a possibilidade de incluir o carvão no negócio – medida esperada desde 2014 pelo setor. O aceno foi feito em Butiá, onde o ministro conheceu dois projetos da mineradora Copelmi, que vêm sendo considerados a principal aposta do Palácio Piratini para reacender as brasas do carvão gaúcho.
Maior mineradora privada do país, a empresa planeja construir uma usina termelétrica de alta tecnologia e criar um polo carboquímico no Rio Grande do Sul (veja os detalhes no quadro abaixo), mas, para isso, precisa superar restrições federais.
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Acompanhado do governador José Ivo Sartori, o ministro chegou de helicóptero e visitou a Mineração a Céu Aberto do Baixo Jacuí. Em entrevista coletiva no local, Coelho Filho disse que o Brasil "não pode abrir mão de seus potenciais" e declarou que o novo marco do setor energético deve ser enviado ao Congresso em setembro, para "dar segurança aos investidores". Ele também projetou para "novembro ou dezembro" a data do próximo leilão federal para a compra de energia.
– Será criado um grupo de trabalho para cuidar disso e, se tiver tempo hábil, queremos incluir o maior número possível de fontes energéticas, inclusive o carvão – afirmou.
O Estado tem a maior reserva do minério no Brasil (90% do total), mas empreendedores do setor vivem um período de incertezas. Em parte, devido às limitações envolvendo os leilões, mas também por conta da decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de extinguir linhas de financiamento para a construção de usinas do tipo, devido ao seu impacto ambiental.
Tanto o Piratini quanto a Copelmi tentam convencer o governo federal de que, com inovações tecnológicas, isso ficou para trás. Para a futura termelétrica, a Copelmi planeja contar com tecnologia japonesa capaz de reduzir a emissão de poluentes – modelo que foi conhecido de perto por Sartori, no Japão, em junho.
Quanto ao complexo carboquímico, o governador pretende enviar em setembro projeto de lei à Assembleia para formalizar a criação do polo. A ideia da Copelmi, segundo o diretor de novos negócios da companhia, Roberto de Faria, é produzir gás natural a partir do carvão.
– Hoje, importamos o produto da Bolívia. Queremos mudar isso. Felizmente, o governo gaúcho compreendeu o potencial e abraçou a ideia. Agora, a bola está com o ministro – disse Faria.
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Os projetos
1) Usina termelétrica
O que é: a Copelmi planeja erguer entre Charqueadas e Eldorado do Sul uma usina termelétrica com tecnologia japonesa, capaz de aumentar de produzir energia a partir do carvão com maior eficiência e menor emissão de poluentes.
- Principais números
Investimento previsto: US$ 2 bilhões
Empregos diretos: 1 mil na mineração e 250 na usina
Capacidade de geração de energia: 1 mil megawatts, suficiente para atender a 20% da energia demandada no Estado
2) Polo carboquímico
O que é: a Copelmi planeja criar um complexo carboquímico entre Charqueadas e Eldorado do Sul para produzir gás natural, ureia, amônia e metanol a partir do carvão. No caso do gás, isso eliminaria a necessidade de importação da Bolívia.
- Principais números
Investimento total previsto: US$ 5 bilhões
Empregos diretos: 2 mil na mineração e 800 nas usinas
Capacidade de geração: 2 milhões de metros cúbicos de gás, o equivalente a 100% do que o Estado importa hoje