Iniciado em 2014, o estudo sobre a viabilidade de um polo carboquímico no Estado começará a sair do papel até o final do ano. O envio de um projeto de lei à Assembleia Legislativa foi confirmado pelo secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos, nesta segunda-feira (5), durante a missão gaúcha realizada no Japão. O objetivo é dar um sinal ao mercado e transformar a região do Baixo Jacuí em local estratégico para a instalação de empresas que utilizem o carvão como matéria-prima para outros produtos, como o gás natural.
O momento é encarado como crucial para a cadeia carbonífera no Estado, já que as políticas de incentivo ao setor diminuíram nos últimos anos. No Piratini, a grande preocupação é convencer os opositores de que o processo não é danoso ao meio ambiente, desde que envolva alta tecnologia.
– A gente tem que se certificar de que as indústrias fiquem próximas às minas, o que diminui o impacto ambiental – comenta o secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos.
Ele destaca que a medida diminui a necessidade de transporte do carvão, que é um dos maiores fatores de risco na atividade. As minas que abasteceriam as primeiras empresas ficariam entre as cidades de Charqueadas e Eldorado do Sul.
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Em busca de parcerias, Lemos deixará a comitiva gaúcha que está no Japão e partirá para a China nesta terça-feira. No país, ele vai participar de reuniões com possíveis investidores.
Uma análise patrocinada pela mineradora Copelmi, com sede no Estado, e pelo Sindicato Nacional da Indústria de Extração de Carvão (Sniec), mostra que a iniciativa é viável. Negociações envolvendo a empresa sul-coreana Posco apontam para a intenção de instalação de uma planta com capacidade de produção de 2 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia a partir do carvão.
– É um projeto competitivo e uma boa alternativa – afirma o diretor de Novos Negócios da Copelmi, Roberto Faria.
De acordo com Faria, encontrar compradores para a futura produção é um dos desafios futuros. Quando essa etapa se concretizar, haverá a busca de outros parceiros para o financiamento da planta, sendo que o custo total seria de US$ 1,5 bilhão. A sul-coreana Posco entraria com US$ 350 milhões. Se sair do papel, a estrutura para gaseificação do carvão gaúcho poderia começar a produzir em três anos após o início da construção da empresa.
Além da extração de gás, o carvão gaúcho poderá servir de base para a produção de metanol (utilizado na composição do biodiesel), de gasolina de alta octanagem para exportação e de fertilizantes.
Nesta segunda-feira (5), a agenda gaúcha de destaque no Japão foi a visita à Usina de Hitachinaka, na província de Ibaraki, a 130 quilômetros de Tóquio. A companhia Tepco, responsável pela planta, elaborou estudos sobre o carvão extraído no Rio Grande do Sul, concluindo que ele pode ser usado para gerar energia elétrica.
No entanto, para a parceria ser concretizada, com a construção de uma usina na região do Baixo Jacuí com capacidade de 1.000 MW, ao custo de US$ 2 bilhões, é preciso encontrar investidores dispostos a financiar o valor e convencer o governo federal a voltar a apostar no carvão.
Nesta terça-feira (6), diversas reuniões serão realizadas ao longo do dia em Tóquio. O projeto da termelétrica do Baixo Jacuí será apresentado ao Banco Mitsubishi, um possível parceiro. Um encontro com a Agência Internacional de Cooperação do Japão (JICA) também está previsto. Na agenda, serão discutidas formas de melhorar a gestão pública no Estado, com destaque para o desenvolvimento de parcerias público-privadas (PPPs) e a condução da previdência, que possui déficit de cerca de R$ 9 bilhões no Rio Grande do Sul.