A rede de farmácias Mais Econômica ingressou, nesta terça-feira, com pedido de recuperação judicial para tentar ganhar oxigênio na luta contra dificuldades financeiras. A solicitação foi oficializada na Comarca de Porto Alegre. A prática, que substitui a antiga concordata, tem o objetivo de evitar que empresas encerrem suas atividades, permitindo a renegociação de dívidas mediada pelo Judiciário. Caso a Justiça aceite o pedido de socorro, é estipulado um prazo para a empresa apresentar plano de recuperação judicial.
Leia mais:
Economia já permitiria ritmo maior no corte de juro, diz ata do Copom
Oi diz que busca alternativas para entendimento entre acionistas e credores
Número de recuperações judiciais bate recorde no país em 2016, diz Serasa
Segundo a presidência da instituição, o passivo da Mais Econômica – dinheiro devido – é de R$ 152 milhões. Deste total, R$ 135,4 milhões são de dívidas com fornecedores e R$ 16,6 milhões em pendências trabalhistas.
Cauê Cardoso, sócio e fundador da VERTICapital, controladora da rede de farmácias desde novembro de 2015, afirma que o principal motivo da medida é a má administração da gestão anterior da Mais Econômica, que era encabeçada pela BR Pharma, então braço farmacêutico do banco BTG Pactual. A instituição vive um momento de encolhimento de seus ativos, apurando lucro líquido de R$ 652 milhões no quarto trimestre do ano passado, quase a metade do registrado no mesmo período do ano anterior (R$ 1,229 bilhão).
– Tentamos negociar com eles (antigos controladores), mas não obtivemos sucesso. Percebemos esses problemas (financeiros) na metade do ano passado, quando iniciamos o processo de demonstrações financeiras. Começamos a fechar as auditorias, mas antes disso, iniciamos a restruturação da rede, com renegociação de aluguéis, realocação de pessoal e compra de produtos com maior margem de lucro – explicou.
De acordo com o presidente, todas essas medidas adotadas para enfrentar os problemas financeiros herdados pela atual dona da empresa não foram suficientes, obrigando a Mais Econômica a retirar dinheiro do caixa para cobrir o rombo deixado pela BR Pharma, como "dívidas não-declaradas e irregularidades em aluguéis de estabelecimentos".
Desde a identificação das irregularidades nas contas da rede, o número de funcionários da Mais Econômica, que chegou a girar em torno de 2 mil na metade de 2016, caiu para cerca de mil. Os salários dos trabalhadores da instituição estão atrasados há cerca de um mês. Cardoso destaca que a empresa pretende voltar ao número anterior de colaboradores e pagar os vencimentos atrasados após a efetivação do pedido de recuperação judicial:
– Nossa prioridade é voltada para os funcionários que ficam na empresa, mas a rede tem capacidade de comportar mais de 2 mil trabalhadores com carteira assinada. É justamente para este patamar que nós queremos retornar. Precisamos, inclusive, voltar a contratar em breve.
A Mais Econômica, fundada em 1991, é a terceira maior rede do varejo farmacêutico gaúcho, com 140 lojas, sendo cem lojas atualmente em operação, em 52 municípios.
O que diz o banco BTG Pactual:
Por meio de nota, o BTG Pactual afirma que não era o controlador da BR Pharma na época da transação:
"O BTG Pactual repudia as acusações dos atuais controladores da Mais Econômica e esclarece que não era o controlador da BR Pharma no momento da venda para a Verti Capital, seja diretamente ou por meio de qualquer uma de suas afiliadas."