O mercado financeiro revisou o cenário para a trajetória do juro e prevê que o ciclo de afrouxamento realizado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) será um pouco mais intenso em 2018. A expectativa foi reduzida pela segunda semana seguida, de 8,75% para 8,50%. Há um mês, o mercado esperava Selic em 9,50% e 9%, respectivamente, para o fim de 2017 e 2018. Já para o Produto Interno Bruto (PIB), o mercado elevou pela quarta semana seguida a previsão de alta, de 2,40% para 2,50%. Quatro semanas atrás, a expectativa estava em 2,30%.
Os economistas também mantiveram as projeções para o crescimento da economia neste ano: a mediana das expectativas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 seguiu em 0,48%. Há um mês, a perspectiva era de avanço de igual 0,48%.
No relatório Focus divulgado na manhã desta segunda, a expectativa de Selic média em 2017 caiu de 10,63% para 10,41%. Há um mês, a mediana da taxa média projetada para o ano era de 10,75%.
Leia mais
Meirelles espera crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2017
Poupança capta R$ 482 milhões no 1º dia de saque do FGTS
Potencial de aeroporto de Porto Alegre levou Fraport a oferecer ágio de 211%
Abertura das previsões
A abertura das previsões para o juro básico da economia nos próximos meses revela que já prevalece entre os analistas a aposta de que a taxa Selic será reduzida em 1 ponto porcentual nas próximas duas reuniões: abril e junho. Até a pesquisa Focus da semana passada, o mercado previa reduções de 0,75 ponto nesses dois meses. Com isso, o mercado antecipa o fim do ciclo e passa a prever o término dos cortes da taxa em outubro – e não mais em dezembro.
Segundo a abertura dos dados, a mediana das previsões para o patamar do juro em abril caiu de 11,50% para 11,25% – o que indica redução de um ponto porcentual na próxima reunião. O mesmo fenômeno foi visto na expectativa para junho, que caiu de 10,75% para 10,25% – o que indica nova redução de um ponto.
Para os meses seguintes, o mercado parece ainda ajustar as previsões. A mediana das expectativas para julho caiu de 10% para 9,63%. Nos meses seguintes, a previsão para o patamar do juro caiu de 9,50% para 9,25% em setembro e de 9,25% para 9% em outubro.
Assim, o cenário indica expectativa de redução do juro de 0,62 ponto em julho, 0,38 ponto em setembro e 0,25 ponto em outubro. Como o BC normalmente faz movimentos com múltiplos de 0,25 ponto, é possível que a mediana passe por ajuste nos próximos dias.
Com a redução prevista de 0,25 ponto, o ciclo seria encerrado em outubro e a taxa permaneceria estacionada em 9% em dezembro. Na pesquisa Focus da semana passada, o mercado previa que a última redução do atual ciclo seria em dezembro.
Indústria
No mesmo relatório Focus, as projeções para a produção industrial indicaram cenário de alguma recuperação neste e no próximo ano. O avanço projetado para o setor em 2017 seguiu em 1,22%. Há um mês, estava em 1%. Para 2018, a estimativa de crescimento da produção industrial subiu de 2,06% para 2,10% e, assim, retornou ao mesmo patamar visto há quatro semanas.
Já a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2017 subiu de 51,55% para 51,65%. Há um mês, estava em 51,45%. Para 2018, as expectativas no boletim Focus seguiram em 55,00%, mesma projeção repetida há sete semanas.
Balança comercial
Os economistas do mercado financeiro reduziram a previsão para o superávit da balança comercial em 2017. A estimativa de saldo este ano caiu de US$ 48,70 bilhões para US$ 48,10 bilhões, ante US$ 47,30 bilhões de um mês antes. Na estimativa mais recente do BC, a expectativa da instituição é que o saldo positivo de 2017 ficará em US$ 44 bilhões. Para 2018, os economistas do mercado projetaram superávit comercial de US$ 40,00 bilhões pela quarta semana consecutiva.
Para as transações correntes, as previsões coletadas pela pesquisa Focus para 2017 indicaram expectativa de ligeiro aumento no saldo negativo, de US$ 26,50 bilhões para US$ 26,60 bilhões. Já a expectativa de déficit externo em 2018 subiu de US$ 36,00 bilhões para US$ 37,65 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 26,50 bilhões e US$ 35,30 bilhões, respectivamente.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o resultado deficitário, tanto em 2017 quanto em 2018. A mediana das previsões para o IDP em 2017 seguiu em US$ 72,00 bilhões pela terceira semana seguida. Há um mês, estava em US$ 71,00 bilhões. Para 2018, a perspectiva de volume de entradas de investimento direto subiu de US$ 72,00 bilhões para US$ 74,50 bilhões. Quatro semanas antes, o mercado previa entrada anual de IDP de US$ 75,00 bilhões.
A projeção do BC para este ano é de IDP de US$ 75,00 bilhões. Porém, em função do resultado positivo de US$ 11,528 bilhões para o IDP em janeiro, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que esta projeção para 2017 já é considerada conservadora pela instituição.
*Estadão Conteúdo