O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, veio a Porto Alegre nesta sexta-feira para anúncios na área da segurança. No entanto, o assunto mais comentado foi a citação do nome dele na Operação Carne Fraca, que investiga um esquema ilegal para venda de carne imprópria para o consumo. Ele nega qualquer irregularidade e explicou uma ligação feita ao homem apontado como o líder da ação criminosa, interceptada em fevereiro de 2016 pela Polícia Federal.
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De acordo com despacho da decisão que deflagrou a operação, Serraglio, então deputado federal, ligou para o ex-superintendente do Ministério da Agricultura do Paraná, Daniel Gonçalves Filho, para perguntar sobre o possível fechamento do frigorífico Larissa, em Iporã (PR). Ele o chamou de "grande chefe".
– Recebi um comunicado dizendo que iam fechar o frigorífico, aí liguei. A expressão que a imprensa está (usando) é porque eu chamei de "chefe". Ele era o chefe. Era o Superintendente do Paraná da Agricultura. Liguei para saber o que estava acontecendo – relata o ministro.
Serraglio afirma que a preocupação é devido à proximidade de Iporã com Umuarama, sua base eleitoral e que havia perdido um frigorífico recentemente. Também relata que, após apuração, Gonçalves Filho retornou a ligação e disse que a empresa iria permanecer aberta.
Relação
Sobre a relação com o ex-superintendente, o ministro afirma que não o conhecia até ser indicado para o cargo de superintendente em 2007, onde ficou até 2016, pelo então deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), morto em um acidente de carro em 2012.
– A Bancada (do partido) precisa apoiar. Eu era o Primeiro Secretário (da Câmara dos Deputados). Eu tinha expressão. O ministro era do Paraná, o Reinhold Stephanes. O deputado Micheletto pediu para eu assinar – pontua.
De acordo com as investigações, que duraram dois anos, não há indícios de que o ministro tenha ligação com as irregularidades apuradas.
Operação Carne Fraca
A Operação Carne Fraca, a maior da história da Polícia Federal, foi deflagrada na manhã desta sexta-feira. As investigações apuram o pagamento de propina a fiscais agropecuários para liberação da venda de produtos derivados de carne adulterados. Entre as irregularidades, estão a comercialização de carne vencida, sem inspeção e conservada com produtos cancerígenos.
Na mira da PF, estão os principais frigoríficos do país, como BRF Brasil (dono das marcas Perdigão e Sadia), JBS (dono da Friboi) e Seara.