Em um ano, o Rio Grande do Sul ganhou 107 mil novos desempregados. Dados detalhados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua nesta quinta-feira mostram que nunca houve tanta gente fora do mercado de trabalho – um total de 502 mil pessoas. O aumento do índice do final de 2015 até 2016 é de 27,2%.
Ainda assim, com taxa de desocupação de 8,3% no 4º trimestre do ano passado, o Estado ficou abaixo da média nacional, estimada em 12%. Na comparação com os demais Estados e Distrito Federal, o RS tem a quarta taxa mais baixa no levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– Tradicionalmente os Estados do Sul têm os índices mais baixos de desemprego, porque têm um mercado de trabalho mais organizado. Mas o mais importante é a evolução da taxa. E o Rio Grande do Sul está entre os Estados em que ela menos subiu na comparação com 2015 (ficou na sexta posição) – avaliou um dos coordenadores da pesquisa Cimar Azeredo.
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Professor da UFRGS de Economia do Trabalho, o economista Giácomo Balbinotto Neto destaca que os números gaúchos são considerados estáveis, com exceção do desemprego. E aponta uma notícia boa e outra ruim: o Estado caiu menos do que a maioria dos demais, mas deve apresentar uma recuperação lenta e, provavelmente, só no próximo ano.
– As empresas que estão com capacidade ociosa estão receosas, então vão utilizar os empregados e aumentar horas-extras. A recuperação, se houver, vai ser extremamente tímida – resume Balbinotto.
Outro índice preocupante que aparece na Pnad é a taxa da subutilização da força de trabalho. No Estado, há 911 mil pessoas que ou não encontram emprego (desocupadas), ou estão trabalhando menos do que poderiam (menos de 40 horas semanais) ou, ainda, não querem trabalhar (da força de trabalho potencial). Esse montante representa 14,6% do total que poderia estar empregado (com 14 anos ou mais).
Para quem está trabalhando, o salário pouco variou. Estimado em R$ 2.288 no 4º trimestre do ano passado, o rendimento médio mensal dos trabalhadores no RS era de apenas R$ 34 a mais do que no final de 2015 (R$ 2.254).
No entanto, entre os empregados, dois índices seguem alarmantes no RS. As mulheres estão ganhando apenas 74% do salário dos homens (em 2015 era 73%), e negros e pardos ganham 65% do que recebem brancos (era 64%).
Dados nacionais
Em todo o país, a taxa de desocupação foi estimada em 12%. Frente ao 4º trimestre de 2015 (9,0%), o índice apresentou elevação de 3,1 pontos percentuais. Também no confronto anual, houve crescimento desse indicador em todas as grandes regiões: Norte (de 8,6% para 12,7%), Nordeste (de 10,5% para 14,4%), Sudeste (de 9,6% para 12,3%), Sul (de 5,7% para 7,7%) e Centro-Oeste (de 7,4% para 10,9%). A região Nordeste permanece registrando a maior taxa de desocupação dentre todas as regiões.
A taxa nacional de desocupação dos jovens de 18 a 24 anos de idade (25,9%) continuou a apresentar patamar superior ao estimado para a taxa média total. Este comportamento foi verificado tanto para o Brasil, quanto para cada uma das cinco grandes regiões, onde a taxa oscilou entre 16,5% no Sul e 30,3% no Nordeste. Já nos grupos de pessoas de 25 a 39 e de 40 a 59 anos de idade, este indicador foi de 11,2% e 6,9%, respectivamente.
As diferenças foram significativas na taxa de desocupação entre homens (10,7%) e mulheres (13,8%) no 4º trimestre de 2016. Este comportamento foi verificado nas cinco grandes regiões.
Por nível de instrução, a taxa de desocupação para o contingente de pessoas com ensino médio incompleto (22,0%) era superior à verificada para os demais níveis. Para o grupo de pessoas com curso superior incompleto, a taxa foi estimada em 13,6%, mais que o dobro da verificada para aqueles com nível superior completo (5,8%).