A alta do preço do milho em 2016, que deixou Santa Catarina em alerta, deve ser amenizada neste ano. Isso porque, pela primeira vez em uma década, o Estado terá um aumento na área plantada do milho para grão, afirma o gerente do centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, Reney Dorow. O crescimento previsto é pequeno, de apenas 3,62%, mas é motivo de comemoração, já que em média 5 mil hectares de área para o milho deixavam de existir por ano em detrimento da soja, mais valorizada e, portanto, mais vantajosa para o produtor.
O impacto da variação do preço do milho é grande para o Estado, já que é insumo para avicultura e suinocultura. Santa Catarina é o maior consumidor do grão no país e precisa importar metade do que consome. Em alguns anos, o milho para silagem – que serve para alimentação de gado, por exemplo – chegou a crescer, mas o que se destina a insumo da agroindústria (grão) sempre caía.
O incremento, diz Dorow, é consequência de um programa do governo do Estado, lançado em maio de 2016, para estimular o cultivo do cereal. O pacote envolveu subsídios e garantia de preço mínimo para a compra, numa tentativa de deixar o milho mais atrativo que a soja para o produtor. Embora tenha trazido resultados, eles devem ficar aquém da meta de ter, em 2017, 100 mil hectares a mais da cultura. O aumento é de 13,3 mil hectares. Com isso, a produção deve passar das 2,729 milhões de toneladas do ano passado para 2,952 milhões de toneladas. No entanto, o secretário adjunto de Agricultura do Estado, Airton Spies, faz uma ressalva:
– Essa é a estimativa inicial da Epagri, mas, como a venda de sementes cresceu 15%, podemos ter um incremento de até 55 mil hectares da cultura ainda neste ano.
Avanço da produção no campo estimada em 1,16%
Além do milho, outros grãos devem ter um bom ano em SC. Somando-se arroz, soja, milho, trigo e cevada, a produção deve crescer 1,16%, passando de 6,428 milhões de toneladas no ano passado para 6,502 milhões de toneladas neste ano, conforme dados da Epagri.
A estimativa para a área de cultivo é de expansão de 0,50%.
Os preços pagos aos produtores, contudo, não devem ser tão bons quanto no ano passado. Em 2016, os preços cresceram em média 14%, compensando a queda de produção nas lavouras.
Com isso, o Estado teve um crescimento real de 3,5% no Valor Bruto de Produção (VBP) da agropecuária, enquanto o Brasil registrou uma redução de 2,5%. O que provocou a queda nacional foi justamente um dos motivadores do bom desempenho catarinense. As secas, especialmente no Centro-Oeste e no Nordeste, reduziram a safra de grãos e elevaram os valores pagos aos produtores catarinenses.
Copercampos prevê verão positivo para as lavouras
A Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos (Copercampos), maior do setor de grãos em Santa Catarina, tem previsão positiva para o clima de verão no desempenho das lavouras. De acordo com o departamento técnico, o plantio da soja terá 60 mil hectares no município, a maior da história. A perspectiva é que a produtividade mantenha a mesma média do último ano de aproximadamente 65 sacos por hectare.
Em relação ao milho, foram plantados 8 mil hectares em Campos Novos, média um pouco inferior à registrada na safra anterior. A expectativa é de uma produtividade próxima a 185 sacos por hectare com a tecnologia que será empregada nesta safra.
– Temos a perspectiva de uma boa safra de verão, com excelentes resultados no campo. Nas lavouras de soja já implantadas, a germinação e o desenvolvimento vegetativo apresentam ótimas condições. Já as lavouras de milho, no geral, apresentam boas condições de desenvolvimento e na formação de grãos, com boas projeções de produtividade – diz engenheiro agrônomo da Copercampos Marcelo Luiz Capelari.
O setor agropecuário responde por aproximadamente 64% das cooperativas em Santa Catarina, com um faturamento estimado de R$ 17,2 bilhões em 2015.