O Rio Grande do Sul apresentou o melhor resultado entre os Estados na geração de empregos com carteira assinada em novembro. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quinta-feira pelo governo federal, a economia gaúcha foi responsável pela criação de 80.447 vagas de trabalho no mês, enquanto 79.256 trabalhadores foram dispensados. Com isso, houve um saldo positivo de 1.191 empregos – crescimento de 0,05% na comparação com outubro.
– O mercado de trabalho gaúcho está começando, ainda que superficialmente, a responder a crise, enquanto no Brasil continua piorando – afirma o professor de Economia da Unisinos, André Azevedo. – (Mas) ainda é muito cedo para afirmar que o Rio Grande do Sul descolou do país – pondera.
Em novembro, o setor que mais contratou no Estado foi a agropecuária, com a abertura de 2.942 vagas – aumento de 3,35% em relação ao mês anterior. Em números absolutos, no entanto, o comércio teve resultado mais positivo, com 3.722 novos empregados – avanço de 0,62%. Na contramão, construção civil (-2.107 vagas), indústria de transformação (-1.798) e serviços (-1.281 vagas) tiveram as piores variações.
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Para o professor de Economia do Trabalho da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Giácomo Balbinotto Neto, a recuperação dos empregos no Estado depende diretamente da melhora da economia do Brasil.
– Não dá para dizer que esteja vindo uma recuperação significativa. Vai levar bastante tempo, principalmente se não forem feitas as reformas e se não for definido um quadro político mais sólido e uma política econômica mais consistente – pontua Giácomo, projetando que a melhora dos números relativos ao mercado de trabalho deve ser verificada a partir do quarto trimestre de 2017.
O professor André Azevedo avalia que a desaceleração da inflação pode ser um dos fatores que contribuíram para a criação de empregos no Estado. Ele reitera que a economia gaúcha é dependente da agricultura, setor que vem sofrendo menos com a crise em relação à indústria.
– A inflação em queda acaba aumentando o poder aquisitivo das pessoas, o que pode impactar positivamente o consumo – analisa André.
Mesmo acumulando saldo positivo pelo segundo mês consecutivo, o Rio Grande do Sul teve o segundo pior resultado para novembro desde 2003. De acordo com os dados do Ministério do Trabalho, o Estado só não teve desempenho mais negativo na comparação com novembro de 2015, quando foram fechadas 2.467 vagas.
Os municípios gaúchos que tiveram maior criação de empregos foram Cruz Alta, com saldo positivo de 1.642 vagas, e Pelotas, com 1.472 vagas. De acordo com o prefeito do município do Alto Jacuí, Juliano da Silva (PMDB), o resultado tem relação com o recuo da informalidade e três novos empreendimentos ligados à indústria na cidade.
– Tivemos um aviário que veio para cá, a duplicação da planta da CCGL e a C.Vale, que se instalou em Cruz Alta – avalia o prefeito.
Brasil perde mais de 116 mil empregos em novembro
Os números sobre a geração de empregos pela economia gaúcha contrastam com o resultado nacional. Em novembro, o Brasil perdeu 116.747 vagas formais de emprego. Ao todo, foram contratados 1.103.767 trabalhadores e demitidos 1.220.514 durante o mês passado.
O saldo negativo, entretanto, é menor que o registrado em novembro do ano passado, quando foram fechados 130.629 postos. O resultado de novembro de 2015 foi o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1992.
No acumulado deste ano até novembro, já foram fechadas 858.333 vagas na série com ajuste, ou seja, incluindo informações passadas pelas empresas fora do prazo. No acumulado dos últimos 12 meses até novembro, o país registrou o fechamento de 1.472.619 vagas formais, de acordo com os dados ajustados.
Desde abril, o ritmo de fechamento de postos de trabalho vem sendo menos intenso na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em outubro, o saldo do Caged foi negativo em 74.748.