A economia gaúcha encolheu 1,7% entre julho e setembro deste ano em comparação com o terceiro trimestre do ano passado, mas o resultado foi menos ruim do que o nacional. O PIB brasileiro, em comparação, recuou 2,9% no mesmo período.
Os dados foram divulgados na manhã de ontem pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). Para o diretor-técnico da FEE, o economista Martinho Lazzari, a tendência do PIB trimestral indica que o Rio Grande do Sul deverá fechar este ano com uma queda na economia um pouco menos acentuada do que a do país.
– Apesar disso, ainda é prematuro prever quando a economia sairá da recessão – afirma Lazzari.
Este foi o terceiro trimestre consecutivo em que o Estado apresentou desempenho menos desfavorável do que a média nacional – e, apesar de se manter negativo, marcou a menor queda desde o segundo trimestre do ano passado. Para o economista Roberto Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da FEE, o cenário em 2017 dependerá muito de fatores alheios ao controle do Estado, como a taxa de câmbio para exportações ou a recuperação do mercado interno brasileiro.
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Nos últimos três meses, a melhor performance da economia gaúcha em comparação à do país decorreu principalmente da retração menos acentuada da área de serviços, já que a agropecuária tem menos peso nesta época do ano e a produção industrial caiu mais no Estado do que em todo o Brasil. Enquanto o setor de serviços encolheu 1,6% no Rio Grande do Sul, caiu 2,2% nos demais Estados. O comércio diminuiu o ritmo de queda (-2,8% de julho a setembro, contra -6,4% no trimestre anterior), mas a atividade de transporte passou de um crescimento de 2,9% no trimestre anterior para uma redução de 1,8% neste.
Outros serviços apresentaram leve melhora, enquanto a administração pública registrou pequena queda. Serviços de informação, intermediação financeira e atividades imobiliárias apresentaram estabilidade entre um trimestre e outro.
– O melhor resultado da economia gaúcha em relação à nacional também está associado a um melhor desempenho de seu mercado de trabalho, com aumento da massa salarial – analisa Roberto Rocha.
A agropecuária rio-grandense cresceu, mas não foi o suficiente para deixar o PIB positivo porque essa área tem um peso reduzido no terceiro trimestre. A principal contribuição do setor à economia se dá entre abril e junho, quando se concentra a maior parte da safra de soja. A pecuária apresentou um avanço de 2,1%, contra queda de 6% no país, e o cultivo de laranja foi o destaque na agricultura com avanço de 9,4% – mas com pequena participação na lavoura.
A indústria gaúcha sofreu o tombo mais significativo: registrou queda de 4,6%, mais intensa do que a brasileira (-2,9%). Conforme a FEE, todos os quatro segmentos da indústria caíram no período e, com exceção da área extrativa, apresentaram queda maior do que no trimestre anterior. Em comparação com o Brasil, o único segmento que teve um resultado superior ao nacional foi o da construção civil, com queda de 1,4% diante de uma retração de 4,9% na média do país.