O desemprego se manteve estável em 11,8% no terceiro trimestre deste ano e alcançou 12 milhões de brasileiros, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Na comparação com o mesmo período de 2015, entre julho e agosto, houve aumento de 2,9% da taxa de desocupação. Os números foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
Em relação ao segundo trimestre deste ano, compreendido de abril a junho, o desemprego avançou 0,5 ponto percentual no país. Ao todo, nesta base de comparação, ocorreu uma elevação de 347 mil pessoas sem emprego. Quanto ao mesmo período do ano passado, mais de 3 milhões ficaram desempregados.
Leia mais
Rio Grande do Sul fechou mais de 2,8 mil vagas de emprego em setembro
Dívida no cartão de R$ 1 mil pode ultrapassar R$ 1 milhão em quatro anos
Corte maior nos juros depende de ajustes e queda da inflação, diz Banco Central
A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.015,00 no terceiro trimestre. O resultado representa queda de 2,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, a massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 176,8 bilhões no terceiro trimestre, queda de 3,8% ante igual período do ano anterior.
Desde janeiro de 2014, o IBGE passou a divulgar a taxa de desocupação em bases trimestrais para todo o território nacional. A nova pesquisa substitui a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrangia apenas as seis principais regiões metropolitanas, e também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) anual, que produz informações referentes somente ao mês de setembro de cada ano.
População inativa alcança recorde
A população inativa no país alcançou a marca recorde de 64,642 milhões de pessoas no terceiro trimestre de 2016. O montante representa um aumento de 1,9% em relação ao terceiro trimestre de 2015 – 1,205 milhões de inativos a mais. Na comparação com o segundo trimestre do ano, a alta foi de 1,2%, quando mais 756 mil pessoas optaram por deixar a força de trabalho.
A população inativa vinha crescendo quando o mercado de trabalho mostrava vigor. Com o início da crise, jovens, mulheres e idosos (população majoritárias dentro desse contingente de inativos) voltaram a buscar trabalho para complementar a renda da família.
Num momento em que a taxa de desemprego se mantém no maior patamar já detectado pela pesquisa, aos 11,8%, a alta da inatividade indica sinais de desalento, quando pessoas deixam de procurar emprego porque acreditam que não conseguirão uma vaga.
– A pessoa acha que não vai conseguir trabalho, dado esse mercado saturado, e ela acaba se afastando da força – reconheceu Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e Rendimento do IBGE.
Segundo Azeredo, a alta da inatividade pode estar aumentando a força de trabalho potencial, aquela que poderia estar trabalhando, mas não o faz em quantidade desejada por diferentes razões.
Rendimentos
A alta de 0,9% no rendimento médio dos trabalhadores ocupados no país no terceiro trimestre ante o segundo trimestre de 2016 pode não significar um aumento no poder aquisitivo. A redução no contingente de trabalhadores com menores salários pode ter elevado a média salarial de quem permanece empregado, explicou Cimar Azeredo.
– Essa alta pode ser em função da saída desses trabalhadores de baixa renda. Isso, que parece ser um resultado favorável, tem que ter cautela – alertou Azeredo.
Em relação ao terceiro trimestre de 2015, a renda ainda está 2,1% menor, segundo os dados da Pnad Contínua.
O coordenador do IBGE lembrou que o país perdeu 1,069 milhão de trabalhadores por conta própria na passagem do segundo trimestre para o terceiro trimestre de 2016. Essa posição na ocupação tende a concentrar trabalhadores que atuam na informalidade, em condições mais precárias, com rendimentos menores. A renda média do trabalhador por conta própria é de R$ 1.504, cerca de 25% inferior à média geral, de R$ 2.015,00.
– Esse trabalhador de renda mais baixa tem mais dificuldade de se fortalecer num negócio que acaba de montar – acrescentou Azeredo.
Como consequência dessa perda de fôlego no trabalho por conta própria, o total de pessoas ocupadas no país caiu 1,1% na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano, contrariando uma tendência sazonal de geração de vagas. Ao todo, foram eliminados 963 mil postos de trabalho.
– A ocupação estava sendo segurada por essa criação de postos de trabalho por conta própria, na informalidade – justificou Azeredo.