O impacto da crise nas finanças do Estado na qualidade de vida da população foi o tema do terceiro encontro da série iRS Debates 2016, realizado ontem no auditório da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da PUCRS. O Índice de Desenvolvimento Estadual – Rio Grande do Sul (iRS) versão 2016, com dados de 2014, divulgado em 25 de julho, apontou recuo do quesito que avalia longevidade e segurança. O Rio Grande do Sul ficou com pontuação de 0,672 – atrás de São Paulo, Distrito Federal e Santa Catarina – , mas perdeu qualidade de vida em relação a 2013, quando alcançou 0,675.
Leia mais:
Confira aqui os dados atualizados do iRS
RS fica em quarto lugar entre Estados, mostra índice de desenvolvimento
"Estamos no fundo do poço", diz pesquisador sobre violência no RS
A causa principal foi a queda no aspecto que leva em conta a segurança dos cidadãos, com recuo de 4,1% em comparação ao ano anterior. O impacto da crise nas finanças estaduais na qualidade de vida dos gaúchos foi debatido pela professora de Economia da PUCRS Izete Bagolin e pelo economista da Fecomércio-RS Lucas Schifino, com mediação da colunista de economia de ZH, Marta Sfredo.
– A crise nas finanças públicas não é momentânea. Não chega do nada e não some do nada. As pessoas com menor poder aquisitivo são as mais afetadas – disse Izete, que tem formação em em economia da pobreza.
Ela complementou que a qualidade de vida é muito subjetiva, porque também pode ser avaliada por aspectos biomédicos e psicológicos.
– Estes são mais mais subjetivos e só se tornam visíveis na qualidade de vida quando atingem o bolso e a segurança – explicou.
A professora também afirmou que o Estado precisa "fazer o mínimo de maneira bem feita", pois só assim conseguirá reverter a falta de planejamento que causou essa crise financeira.
O economista Lucas Schifino abordou dois setores dos serviços públicos mais afetados pela crise, a segurança e a educação. Conforme Schifino, a ineficiência do Estado nessas áreas obriga a iniciativa privada a investir, gerando ineficiência, duplicidade de esforços e desperdício de recursos.
– A segurança pública precisa ser centralizada pelo Estado. Quando isso não ocorre, existe um desperdício de recursos, porque a segurança privada não tem o poder de investigar e punir. E essa ineficiência gera um tributo invisível, que é a duplicidade de gastos, públicos e privados, porque os cidadãos e as empresas pagam duas vezes pelo serviço – afirmou.
O economista considera importante investir na educação básica, porque isso facilita na "absorção de conhecimento". Não adianta, por exemplo, empresas investirem em programas de qualificação sem ter mão de obra capaz de aproveitar esse ensinamento:
– Dar ensino de qualidade para uma criança impacta na saúde pública, na distribuição de renda e na segurança pública – afirmou.
O iRS é realizado em parceria por Zero Hora e PUCRS, com apoio institucional da Celulose Riograndense, desde 2014, e pondera o desempenho de todos os Estados e do Distrito Federal em três dimensões: padrão de vida, educação e, reunidos, longevidade e segurança. Com foco na vida real e formato simplificado, o índice tem o mesmo referencial teórico do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). É o único índice com atualização anual do Brasil calculado por Estado. A iniciativa se conecta com o novo posicionamento de ZH, "Perto para entender. Junto para transformar", lançado recentemente e que reforça o compromisso da marca de estar próxima dos gaúchos e atuar pelas causas do Estado.
*Zero Hora