A incerteza política é um dos fatores que deverão levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a manter os juros em 14,25% na reunião deste mês, que será concluída nesta quarta-feira. Economistas ponderam que, em meio ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que poderá ser afastada temporariamente em 11 de maio, o mais prudente por parte do Banco Central é não mexer na Selic, inclusive porque a inflação continua alta – 9,39% em março, no acumulado em 12 meses.
– O melhor neste momento de muitas dúvidas no cenário político é não fazer nada. Se o BC subisse ou baixasse os juros agora, poderia causar ruídos, o que não seria bom – diz José Márcio Camargo, professor e economista chefe da PUC-RJ.
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Após a votação na Câmara pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma, os especialistas têm muitas dúvidas sobre o que seria um eventual governo Michel Temer.
– Será preciso ver se a capacidade de articulação política de Temer terá condições de sensibilizar os parlamentares a ponto de aprovar mudanças estruturais fundamentais, como uma reforma da Previdência Social, com idade mínima para aposentadoria – destaca Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset Management.
Diante dessas incertezas, os economistas constatam que o contexto político é relevante, mas não será o fator determinante para a ação do Copom na próxima semana.
David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch, lembra que um conjunto extenso de indicadores econômicos são considerados pelo Copom e, segundo ele, não há dúvida de que a Selic ficará estável na próxima reunião.
No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março, o Banco Central estima que a inflação medida pelo IPCA chegará a 8,7% ao final de junho, alcançará 6,6% em dezembro e só chegará ao objetivo de 4,5% no primeiro trimestre de 2018.