Começou com a farta distribuição de post-its. Os participantes pegaram canetas e foram convidados a escrever nas folhas coloridas. No mural das "necessidades humanas", a plateia convertida em cobaia colou os papéis escritos com palavras como "amor", "comida" e "espiritualidade". Outro mural foi recheado com post-its sobre "fontes de dados". No terceiro, os participantes citaram tecnologias.
À primeira vista, o exercício proposto pelos palestrantes Cristiane Piza e Benito Berretta pode parecer um tanto aleatório. Mas a brincadeira era parte de uma aula prática sobre inovação criada pelos executivos da Hyper Island no Brasil, empresa de origem sueca que opera como misto de consultoria e organização educacional, que falaram ontem na Semana ARP da Comunicação, na Casa Destemperados, na Capital.
A plateia foi dividida em grupos, e as turmas foram orientadas a pegar um post-it de cada mural e criar um serviço ou produto baseado naqueles conceitos. Apenas com base em uma necessidade humana, um tipo de banco de dados e uma tecnologia, os participantes conseguiram conceber empreendimentos relâmpagos como o Hellogio, um relógio que traz lembretes em forma de fotos.
A plateia do evento também criou o OfficeOnTheGo, uma plataforma de comercialização de salas de reunião por demanda, a exemplo do que o Airbnb fez no sistema de hotelaria, e o Weez, uma rede social para que os amantes da literatura possam encontrar ruas, prédios e pontos de interesse nas cidades que foram cenários de livros, além de marcar passeios com pessoas com os mesmos interesses literários.
Participantes como Gustavo Mini, diretor de criação da agência DZ Estúdio, se impressionaram com os resultados obtidos em tão pouco tempo:
– É muito mais fácil inovar quando se tem método.
A inovação se tornou uma das discussões centrais do mercado de comunicação em decorrência das transformações causadas pela revolução digital. Mas, segundo o uruguaio Benito Berretta, o conceito é muitas vezes mal interpretado. A criatividade que impulsiona os negócios não depende sempre de ideias revolucionárias, diz o especialista.
Embora o breve workshop tenha mostrado que criar projetos disruptivos pode parecer mais simples do que o imaginado, Berretta disse que muitos inovadores de sucesso souberam fazer o contrário: avançar aos poucos.
– É um jogo de polegadas – resumiu o uruguaio.
Um exemplo apresentado na palestra de Cristiane Piza e Benito Berretta foi o método do técnico Dave Brailsford, que dirige o Team Sky, grupo de ciclistas profissionais britânicos. O treinador mapeou hábitos dos atletas e equipamentos utilizados e buscou melhorias para cada item – "hackeou" os processos, na linguagem dos inovadores.
Em 2010, quando assumiu, o objetivo era levar o título do Tour de France (a mais importante prova do esporte) pela primeira vez para a Inglaterra em um prazo de cinco anos. As bicicletas, por exemplo, perderam 25% de tinta para ficarem ligeiramente mais leves. Pneus foram aprimorados, roupas ganharam design, a alimentação dos atletas passou por um escrutínio, e Brailsford criou uma nova rotina para permitir que os ciclistas dormissem mais. Em cinco anos, o time ganhou o título duas vezes. Nenhuma solução sozinha teria efeito impactante nos resultados, mas o conjunto delas levou os atletas ao topo do esporte.
O poder dos bancos de dados
Na eleição de 2016, os candidatos terão 45 dias de campanha, em vez dos 90 previstos até hoje. E o período da propaganda na TV também minguou, de 45 para 35 dias. A alteração na legislação deve forçar os partidos a buscar novas formas de atingir o eleitor, segundo Bruno Hoffmann, da HoffGroup, empresa de gerenciamento político no mundo digital.
– Se você é um candidato menos conhecido, não pode esperar pela campanha de 45 dias para aparecer – disse ele ontem, na Semana ARP da Comunicação.
Uma dessas novas estratégias deve ser o microtargeting, método de construir relacionamento com eleitores ou consumidores que vem sendo usado em campanhas nos Estados Unidos desde 2008. A técnica de análise de bancos de dados digitais deve prever comportamentos e se aproximar do público.
Vasculhando as informações, é possível prever quais eleitores podem estar mais dispostos a fazer doações para campanhas. Dados também permitem que empresas e candidatos façam newsletters personalizadas.
– Se a pessoa doou R$ 500 não pode ser tratada como aquele que nunca fez doação – disse o consultor sobre segmentação.
*O clicStudio é uma área criada por ZH para a produção de conteúdo patrocinado por anunciantes. O material publicado com esse selo não é produzido pela Redação.