Um grande empresário do Estado desabafou ontem à coluna: os negócios no Rio Grande do Sul estão pior do que na média do país. E o que agrava a crise nacional, por aqui, não é o parcelamento do salário dos servidores nem a crítica situação das finanças públicas. É o medo.
Impressionado, conta que circulou num shopping center da Capital às 20h e encontrou corredores quase vazios, cena antes improvável. Tem ouvido desabafos de donos de lojas, restaurantes, prestadores de serviços.
- O que está agravando a queda no consumo e nas vendas não é só a perda do poder aquisitivo. É o medo - avalia.
E lembra dos episódios recentes, como a queima de ônibus, tiroteio em bairros de classe média, boatos espalhados por redes sociais.
- Não me conformo, isso é um tiro no próprio pé. O medo reduz os negócios, as lojas vendem menos, os restaurantes vendem menos, as atividades diminuem e isso se reproduz em cadeia. Com menos negócios, haverá menos impostos. Com menos impostos, menos dinheiro em caixa e mais dificuldade ainda para pagar os salários - afirma.
Projeção de déficit de R$ 6,2 bilhões em 2016 aumenta pressão por tarifaço
Se nada for feito, adverte, o Estado pode contar uma queda razoável de arrecadação, adicional à que já estava nas contas do governo gaúcho. O empresário não vê intenção nesse resultado entre os que chama de "semeadores de medo".
Pondera que é falta de avaliação das consequências". Para reverter a situação, defende uma "campanha antimedo", que passa por outro tipo de manifestação dos servidores, que, assegura, têm sua solidariedade.
- É preciso mostrar que podemos reverter essa situação, que a população vai voltar a ter segurança, confiabilidade - pondera.
Embora acredite nas estimativas de dois anos de recessão - este e o próximo - no cenário nacional, o empresário afirma que está difícil fazer projeções sobre os desdobramentos das crises política e econômica:
- O poder em Brasília está muito diluído, ninguém sabe com certeza o rumo. Mas o medo no Rio Grande do Sul é ainda pior.