O forte recuo nas bolsas de Xangai e de Shenzhen decorre da preocupação dos investidores chineses com a existência de uma bolha no mercado de ações. Ou seja, preços inflados sem sustentação na economia. E há dúvidas sobre o tamanho do problema.
No passado recente, estimulados pelo governo e pela valorização de empresas, milhares de cidadãos chineses começaram a aplicar no mercado de ações. O número de investidores individuais mais que dobrou no período de 12 meses, passando de 40 milhões para 90 milhões.
Muitos deles foram até os bancos em busca de crédito mais barato para aplicar em papéis nas bolsas. No último ano, enquanto a chamada economia real passava por um momento de desaceleração, a bolsa navegava em fase de euforia chegando ao pico no dia 12 de junho.
Venda em massa de ações na China derruba bolsas asiáticas
Porém, nas últimas semanas, o governo chinês passou a restringir o crédito nos bancos e muitos investidores ficaram sem dinheiro para cumprir suas obrigações na bolsa, sendo obrigados a vender os seus papéis.
China soma-se à Grécia na crise
O medo de que estivesse estourado uma bolha gerou um efeito manada e milhares de investidores começaram a vender ações, fazendo a bolsa despencar.
O impacto no Brasil
Desde 2010, quando ultrapassou o Japão, a China se tornou a segunda maior economia do mundo. Mas antes mesmo de assumir tal relevância no cenário internacional, o gigante asiático já era o maior parceiro comercial do Brasil. Por isso, qualquer turbulência em terras chinesas costuma afetar os mercados no país e também no Rio Grande do Sul.
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Patrocinado por investimentos do governo, a China cresceu muito nos últimos 15 anos. O ritmo acelerado de desenvolvimento da economia gerou um aumento na procura por certas matérias-primas que o Brasil vende, como minério de ferro e soja. Entre 2003 e 2010, o preço desses produtos subiu muito.
De 2011 para cá, com a desaceleração da economia, o apetite chinês por insumos vem diminuindo, levando a uma queda gradual de preços no mercado internacional. Uma crise na China agora pode fazer o preço de tais produtos despencar ainda mais, afetando principalmente países exportadores de matéria-prima, como o Brasil.
A soja gaúcha também deve ser especialmente afetada. A combinação de ano de safra recorde com menor demanda empurra o preço do grão para baixo e torna a produção pouco lucrativa.