Um dia depois de registrar aquela que foi maior queda em 20 anos, as bolsas chinesas voltaram a operar em alta ontem. A recuperação não foi reflexo da retomada de confiança dos investidores, mas de uma imposição do governo que proibiu grandes acionistas de venderem suas ações pelos próximos seis meses.
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Na tentativa de evitar nova queda acentuada no preço dos papéis, a China Securities Regulatory Commission, agência que regula o mercado de capitais no país, desautorizou qualquer investidor com mais de 5% de participação em uma empresa de se desfazer das ações. A regra também vale para estrangeiros que têm papéis de companhias listadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen.
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O torniquete aplicado pelo governo chinês, que controla com mão de ferro o sistema financeiro, funcionou, e o índice CSI300 - que reúne as maiores companhias no país asiático - subiu 6,40% depois de recuar 6,75% quase 24 horas antes. O desempenho ajudou a impulsionar outras bolsas na Ásia, mas a rápida recuperação não convenceu a todos.
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De um lado, temor, e de outro, minimizações
Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew teme que a insegurança no mercado de ações atrase a agenda de reformas econômicas de Pequim e prejudique o crescimento de longo prazo da China. Mas outros líderes globais minimizaram o episódio. O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, considerou o estouro da bolha na China "pouco preocupante" e avaliou que o impacto na economia chinesa não "será dos maiores" porque o mercado acionário chinês, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), é muito menor do que o americano.
Em visita à Rússia, onde participa da cúpula do Brics, a presidente Dilma Rousseff afirmou estar "tranquila" e que o cenário não preocupa o Brasil. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse que a situação na China terá abrangência limitada sobre o Brasil.
- O efeito se dá sobre os preços de minérios de ferro, mas não vejo impacto significativo sobre commodities agrícolas e outras - afirmou Coutinho.
AS INICIATIVAS
O que o governo chinês fez até agora
PROIBIÇÃO DE VENDA
O que o governo chinês fez até agora
Acionistas com participação maior de 5% não podem se desfazer das ações nos próximos seis meses.
ACELEROU A COMPRA DE PAPÉIS
Comprou ações de companhias consideradas estratégicas para segurar os preços nas bolsas.
PLANO DE RECOMPRA
Estimulou empresas a adotarem programas de reaquisição de ações.
SUSPENSÃO DE NEGOCIAÇÕES
Paralisou a negociação de várias corretoras e agentes de mercado.
AMPLIAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
Permitiu que bancos aumentem empréstimos hipotecários para incentivar o mercado acionário.
INVESTIGAÇÃO POLICIAL
Pôs a polícia para tentar identificar "investidores maliciosos"