Ainda não há resposta oficial para o destino de R$ 1,3 bilhão que deveriam ter representado um significativo alento para o Grupo CEEE, tanto na área de distribuição, neste momento sob ameaça de perder a concessão, quanto na de geração e transmissão.
Em janeiro de 2012, o governo federal pagou uma dívida de R$ 3 bilhões, resultado de uma disputa judicial de vários anos com a estatal de energia do Rio Grande do Sul. Mesmo sem correção (a diferença seria de cerca de R$ 700 milhões), o valor seria suficiente para bancar todo o prejuízo acumulado das duas empresas - R$ 1,46 bilhão na D, R$ 182 milhões na GT.
Na época, ficou evidente a intenção do governo do Estado de "puxar" os recursos para o caixa único. A União advertiu que estava quitando uma dívida com a CEEE e que, portanto, o dinheiro tinha de ser destinado à empresa, não ao Tesouro.
A primeira providência foi quitar débitos da estatal com a própria União. A segunda, fazer investimentos para melhorar a qualidade do serviço. A estratégia se justificava: melhoraria os péssimos indicadores de qualidade e ainda pouparia a empresa de pagar multas em decorrência do mau serviço prestado.
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Mas sobraram cerca de R$ 1,3 bilhão, dos quais o governo Tarso ainda tentou se apropriar - como provavelmente faria o de Sartori hoje - com a argumento de assumir o pagamento dos servidores ex-autárquicos (que iniciaram a carreira ligados à autarquia que antecedeu a criação da CEEE).
Uma emenda exigindo a criação de uma conta específica para essa finalidade foi aprovada, e a partir daí ninguém sabe - ou quer - explicitar o destino do dinheiro. Sem que alguém assuma a responsabilidade pela informação, circula a tese de que a quantia teria sido "torrada" pela gestão anterior. Difícil crer.