Melhor parar para pensar antes de atribuir a aliados de petroleiras internacionais a iniciativa de "corrigir" a participação obrigatória da Petrobras em pelo menos 30% dos consórcios para explorar áreas do pré-sal. A proposta do senador José Serra (PSDB-SP) deve ir à votação na próxima semana e, em seguida, ser analisada na Câmara dos Deputados, disse ontem o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
- A obrigatoriedade de a Petrobras participar vai ser corrigida, isso eu não tenho dúvida - antecipou Cunha em entrevista a correspondentes internacionais.
Ele evitou adiantar se seria revisto o regime de partilha, que mantém com o governo propriedade das reservas de pré-sal, mesmo que empresas privadas atuem na extração de óleo e gás. O mercado gostou do que disse Cunha. Os preços das ações da estatal subiram quase 5% na bolsa de São Paulo. Se antes a exclusividade era vista como uma vantagem para a estatal, agora que a Petrobras enfrenta pesado endividamento e dificuldade em captar recursos no mercado, a obrigatoriedade se tornou uma amarra.
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Antes que se diga que essa é uma tese de quem deseja desnacionalizar a economia é bom lembrar que, antes da mobilização de Serra e Cunha, a coluna ouviu de uma fonte insuspeita - o comunista Haroldo Lima, que comandou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo Lula -, a tese de que a obrigação de entrar com 30% dos investimentos e do trabalho havia se tornado prejudicial à companhia.
- Sempre achei que a Petrobras deveria ser operadora preferencial, não compulsória. Entraria quando tivesse interesse e condições. Nem necessariamente entrar com quase um terço de todos os recursos, fica pesado - disse à coluna em 9 de dezembro de 2014.
Confira a coluna publicada em dezembro com a opinião de Haroldo Lima