Se até o governo adotou a projeção de queda de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) para todo 2015, o recuo de 0,2% no primeiro trimestre pode ser considerado benigno. Não é assim que se faz o cálculo, mas apenas como exercício de matemática, para fechar com a estimativa restaria uma queda de 0,33% para cada trimestre pela frente. Ou seja, a retração no restante do ano pode ser maior do que a registrada nos números do IBGE de janeiro a março.
O que esperar da economia para o restante de 2015
Passada a batalha campal no Congresso pela aprovação - ao menos parcial - das medidas de ajuste, agora a condução da política econômica tem de focar na dose de recessão inevitável para reequilibrar a economia, sem deixar o país sufocado.
Calibrar o aperto dos gastos e o corte de benefícios com algum oxigênio é o nome do jogo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cumpriu seu papel de "Mãos de Tesoura", mas já começa a esboçar sinais de que é preciso injetar também algum alento para que o processo de correção não afunde o barco. É um trabalho de risco, delicado, mas que começa a ganhar um esboço mais bem-acabado.
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No final do dia em que o conjunto de medidas de ajuste que precisava passar pelo Congresso terminou de ser aprovado, o Planalto deu um sinal de que está disposto a injetar ar na economia asfixiada. Ao comentar o resultado que, na sua avaliação, veio "dentro do esperado", o ministro fez questão de lembrar medidas para manter e reanimar a economia, como a liberação de mais de R$ 20 bilhões para a construção civil.
E classificou de "ambicioso" o Plano Safra que será anunciado na próxima semana pela presidente Dilma Rousseff. Afinal, entre os três grandes setores, só a agropecuária teve variação positiva no primeiro trimestre. Nos subsetores, também houve resultado no azul na indústria extrativa mineral, nos serviços de informação e no setor imobiliário.
O número para manter no radar, nos próximos trimestres, é o que responde pelo nome "formação bruta de capital fixo", mas quer dizer, em bom português, investimento produtivo. Até agora, esse indicador acumula sete trimestres seguidos de queda, o que ajuda a explicar o resultado desanimador colhido de janeiro a março.