O operador de bolsa de valores britânico que os Estados Unidos acusam de ter provocado grandes perdas no mercado financeiro no dia 6 de maio de 2010 ficará em liberdade sob fiança, decidiu o juiz do caso nesta quarta-feira.
Navinder Singh Sarao, 36 anos, pagará uma fiança de 5 milhões de libras (cerca de R$ 20 milhões) para ficar livre.
Um dia após sua detenção, é a primeira vez que o Sarao se apresenta ao juiz. Diante da autoridade, ele disse "não" quando perguntado se aceitava a extradição para os Estados Unidos. Agora, será aberto um processo, que pode durar meses ou anos, para saber se há motivos suficientes para extraditá-lo. Se acabar extraditado, poderá ser alvo de julgamento por fraude e manipulação de mercados.
Detido em Hounslow, o operador supostamente embolsou 40 milhões de dólares (cerca de R$ 120 milhões pelo câmbio atual) graças a um método usado por muitos anos, mas que no dia 6 de maio de 2010 fez o índice Dow Jones perder 600 pontos e bilhões de dólares em apenas cinco minutos. O dia ficou conhecido como flash crash.
Sob ordem do operador, começaram a ser vendidos 75 mil contratos futuros em 20 minutos _ processo que levaria cerca de cinco horas em um dia de atividade normal no pregão. Segundo autoridades do mercado americano, as falsas ordens de compra e venda fraudaram o mercado.
Singh Sarao, que compareceu à Corte de Magistrados de Westminster, foi acusado de 20 delitos, entre os quais fraude eletrônica e manipulação de contratos de futuros na bolsa de valores.
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Com a suposta ajuda de um programa de informática, o operador gerou grandes ordens de compra e venda de futuros na bolsa para depois tirar proveito das grandes mudanças de preço, segundo as autoridades americanas.
"A suposta manipulação de Sarao lhe proporcionou enormes lucros e contribuiu para uma forte queda nos mercados americanos no dia 6 de maio de 2010", informou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em um comunicado.
Conforme a mídia britânica, Sarao vive como mulher e duas filhas em um sobrado em um bairro onde moram principalmente descendentes de indianos em Londres. À vezes é visto dirigindo o próprio carro, um modelo antigo e estado de conservação não muito bom.
*AFP