Com base na Califórnia, berço de startups que se tornaram grandes companhias, como Facebook, Google e AirBnB, a Midstage é uma Startup Factorie (fábrica de inicialização, em tradução livre). Transforma boas ideias de empreendedores em bons negócios utilizando para isso as ideias e recursos das próprias empresas iniciantes. Em vez de simplesmente colocar dinheiro, oferece uma rede de contatos. Foi a MidStage que descobriu o trio gaúcho e ajudou os guris a estruturar o produto e encontrar investidores que apostassem no projeto do SuperCooler.
Como você descobriu o SuperCooler?
Topei com o SuperCooler pelo Catarse (site de financiamento coletivo) e achei a ideia fantástica. Na MidStage, temos um hunting (busca) bem ativo de novos e promissores produtos, e não foi diferente com o SuperCooler.
Você identificou o potencial de negócio de cara?
Talvez ao ver o video e me lembrar das vezes que precisei de um SuperCooler na minha casa, ou em bares, restaurantes, hotéis.
Na sua avaliação, em qual ponto a Midstage contribuiu mais?
Uma das primeiras perguntas que fiz a Ricardo, Gustavo e Rafael foi: "Quem é o CEO da empresa?". Todos eles se entreolharam e não responderam. Não havia uma perfeita noção de empresa, das funções, metas, jurídico, financeiro etc., mas uma grande ideia para resolver a vida boêmia. Faltava cronograma e direcionamento. Acho que aí entrou a MidStage, ajudando e guiando esse sonho a se tornar uma realidade.
Em que estágio a MidStage entrou no projeto?
Em um momento ainda de ideação do produto. Faltava-lhe tudo, salvo a grande "boa ideia". Dali ajustamos alguns pontos de time e expectativas, traçamos objetivos e cronogramas. Nosso foco ainda era pular para a segunda fase de aceleração, o desenvolvimento. Estávamos atrás de investimento e uma visão de longo prazo que ainda se mostrava duvidosa. Tivemos grande utilização de network com pessoas do Brasil, Estados Unidos e China e que acabou por viabilizar um seed funding (investimento inicial) bem interessante.
Como avalia o ambiente de inovação no Brasil?
Acho que o Brasil está numa onda empreendedora muito importante, ainda que seja um modismo. As pessoas deixam de lado o termo "concurseiro" em prol de uma visão empreendedora. É a profissão do momento. Isso é bacana, e as novas gerações (18 a 35 anos) são mais propensas ao risco, sobretudo os "millenials" (nascidos entre 1985 e 2000, aproximadamente). Do outro lado, temos um investimento ainda acanhado, tímido. Além da pouca oferta de capital, o país atravessa um período conturbado, deixando 2015 como um ano de muito aprendizado, mas pouco investimento.
Há um certo conservadorismo brasileiro na hora de investir?
Não é um ano de arriscar, pois ninguém sabe como estará a economia daqui a alguns meses. Há também uma cultura brasileira do "dinheiro no colchão" ou o investimento em poupança. É uma mentalidade, sem dúvidas, de conservadorismo. Ainda estamos andando para mudar esse pensamento, o que demorará um tempo.
Como atrair o interesse de aceleradoras e investidores?
Cada aceleradora age de uma maneira. Na MidStage, procuramos paixão por empreender, paixão pelo produto ou ideia e vontade de crescer. Um time coeso e forte é um bom indício de uma probabilidade maior de sucesso. Não temos preferência por produtos já desenvolvidos ou projetos ainda em fase de ideação, mas focamos no potencial de retorno. Outras aceleradoras buscam projetos mais avançados, outras projetos já com alguma renda. Já investidores querem retorno financeiro.
O que um projeto deve ter?
O empreendedor tem de ter firmeza e conhecimento de números, mercado e como fará pra chegar lá. Não adianta aquela apresentação de "meu mercado é de 5 bilhões de pessoas". Beleza, e daí? Como chega lá? Como faz para ter aquele percentual que tanto almeja? O empreendedor precisa saber o momento de buscar investimento. Às vezes, com pouco esforço e sem dinheiro, há possibilidade de valorizar muito mais a startup, deixando a busca por investidores um pouco mais para a frente.