Terminou ou não o suspense sobre a legalidade do reajuste de 16% no piso regional salarial com a decisão do Tribunal de Justiça do Estado? Na prática, sim. Em tese, vai se estender a outras instâncias. A Fecomércio pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos 15 dias para tentar a suspensão da sentença.
Além do incômodo com o percentual, o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, avalia que vai dificultar as negociações coletivas. Ou seja, de categorias que não são contempladas pelo piso. E avisa que é "inimaginável" estender esse percentual a todos.
- É certo que as empresas não poderão conceder esse aumento aos trabalhadores. Normalmente, negocia-se níveis próximos do INPC mais ganho real de 1% ou 2% - pondera Bohn.
Outras entidades, como Federasul e Fiergs, reforçaram o discurso de que o resultado será mais preço e menos emprego. Um dos maiores temores dos empresários é de que o aumento, elevado para o cenário econômico tanto de 2014 quanto deste ano, contagie as categorias que recebem acima do piso.
Conforme Ricardo Franzói, supervisor técnico do Dieese no Estado, entre a última faixa do piso (R$ 1.275) e o salário de trabalhadores de algumas indústrias de grande porte no Estado (R$ 1,3 mil), há diferença mínima. Por isso, admite que pode haver desconforto em alguns locais. Mas afirma, com a experiência de quem há anos media negociações salariais, que não há risco de o piso regional "indexar" os dissídios:
- Sindicatos de trabalhadores sabem melhor do que ninguém o que está acontecendo nas fábricas e no comércio. Se veem aumentar o número de demissões, não vão pressionar por aumento de 16%.
Se quiser manter o piso, o governo do Estado deveria adotar uma fórmula de reajuste. Seria uma forma de dar previsibilidade.