Até o Banco Central (BC) estima que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE seja de ligeira queda. Ninguém ignora que o ano passado foi de estagnação da economia. Se o sinal antes do "0,x%" for positivo ou negativo, vai fazer pouca diferença. Mas alguns detalhes das contas nacionais ajudarão a esboçar o que mais importa: o futuro.
Um dos pontos cruciais é o tamanho do recuo do investimento - que, se sabe, virá. Se for muito agudo, é um sinal de que a fase recessiva pode durar mais. Se for mais brando, pode ajudar a construir o discurso do governo de que a dificuldade é passageira. Se 2014 pode ser negativo e 2015 será vermelho - de novo, o próprio BC prevê retração de 0,5%, mas o mercado já passou a conta para algo em torno de 1% de queda -, falta saber se 2016 voltará ao azul.
No afã de tornar o ajuste mais palatável, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está fazendo uma versão autoral da famosa frase do filme Campo dos Sonhos - "ajuste, que ele virá" (neste caso, o crescimento). O aperto, ainda que necessário, embute dúvidas sobre a rapidez na retomada do fôlego. Crises são cíclicas, mas de sua administração cuidadosa depende também sua duração. Há chances reais de retomada dentro de um ano. Mas tudo precisa dar muito certo.