A apreensão que tem cercado o mercado financeiro nas últimas semanas atingiu um novo patamar nesta sexta-feira, dia 13 - quase como se os investidores tivessem sido contagiados pelo clima que marca a data. O dólar, que até o momento só registrou uma queda entre os 10 pregões do mês de março, disparou 2,77% e fechou cotado a R$ 3,2490. Esse é o maior valor para a moeda americana desde abril de 2003, ou seja, em quase 12 anos.
Repetindo o que ocorreu nas últimas sessões, a cotação do dólar segue pressionada pela turbulência política que cerca o Planalto e o Congresso Nacional, agravada desde a semana passada pela divulgação da lista de políticos que serão investigados por envolvimento no esquema de desvios na Petrobras. Entre os analistas, ganha força a percepção de que, com o clima instável em Brasília, ficará mais difícil para a presidente Dilma Rousseff aprovar as medidas necessárias para equilibrar as contas públicas.
O que muda na vida do brasileiro com o dólar a R$ 3
O que querem os manifestantes que foram às ruas nesta quinta-feira
Nesta sexta, a sensação de instabilidade ganhou força em meio aos protestos realizados em diversas cidades do país e à expectativa pelas manifestações que estão marcadas para ocorrer no próximo domingo, estes declaradamente contra o governo Dilma e, no caso de algumas correntes, à favor do impeachment da presidente. No início da tarde, a moeda americana chegou a superar a barreira de R$ 3,28.
Além disso, os olhos dos investidores já estão se voltando para Washington, quando, na próxima quarta-feira, a diretoria do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decide sobre o rumo da taxa de juro americana - próxima a zero, atualmente. Também está marcada para ocorrer, após a reunião, uma entrevista coletiva da presidente do Fed, Janet Yellen, na qual ela deve dar mais indícios do futuro da política monetária do país.
A expectativa de alta do juro nos Estados Unidos exerce forte pressão sobre o câmbio desde meados do ano passado, quando o Fed encerrou o programa de estímulos em meio à recuperação do mercado de trabalho americano. Com a alta das taxas, os títulos da dívida americana se tornariam mais rentáveis, atraindo recursos hoje aplicados em mercados de maior risco, como o Brasil e os outros emergentes.