A demanda chinesa, um poder de compra nacional em alta e terras e mão de obra baratas permitiram a expansão das grandes companhias brasileiras de alimentação no âmbito internacional, ainda que haja dúvidas no horizonte. O 3G Capital, fundo de investimentos do bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann, acaba de participar na fusão entre os gigantes Heinz e Kraft Foods, que se tornará a quinta empresa mundial do setor agroalimentar.
Em meados de março, foi o grupo brasileiro JBS, líder mundial do setor de carne, que se tornou a segunda maior empresa alimentar do mundo, depois da Nestlé, graças a uma intensa estratégia de aquisições no plano internacional. O mesmo destaque recebe a BRF, maior exportadora de frangos do mundo, que inaugurou em novembro uma fábrica de 141 milhões de dólares em Abu Dhabi.
Porém, o mercado questiona se essas empresas brasileiras correm o risco de ter o mesmo destino de Eike Batista.
- Não há nenhum risco. Eike era um vendedor de sonhos, com projetos imaturos. No setor agroalimentar falamos de empresas estabelecidas há tempos, com experiência e um profundo conhecimento de seu mercado - explica o economista Gilberto Braga.
Mas há outras ameaças. Endividamento elevado, economia brasileira fraca, queda dos preços das matérias-primas, custo de transporte proibitivo e investimentos custosos por causa das altas taxas de juros são alguns dos elementos que podem prejudicar a produção.
- É um momento crítico, no qual vamos ver se são realmente bons administradores - desafia a economista Maria de Albuquerque David. - O 3G Capital fez cortes drásticos nos gastos e racionalizou a produção. Quem sabe os gigantes da carne farão o mesmo.