Como já observou um ácido comentarista, talvez a estratégia do governo no Fórum Econômico Mundial tenha sido enviar o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para brindar Davos com a ausência da presidente Dilma Rousseff. Por lá, o discurso de Levy, que previu crescimento "flat" - em tradução benigna, estável, em versão mais azeda, nulo - para o Brasil em 2015 foi muito bem recebido.
A impressão que o novo ministro deixou nas montanhas suíças foi positiva. No ano passado, quando Dilma falou por lá, o discurso foi considerado adequado, mas restaram dúvidas sobre as práticas. Mas se o ajuste agrada no Exterior, seus instrumentos incomodam boa parte do país. No famigerado saco de maldades, já foram adicionados cortes de benefícios - não direitos - de trabalhadores, elevação de custo para empresas, aumentos de preços que vão de maquiagem à gasolina, alta de tributos tanto para empresas quanto para pessoas físicas.
A cereja do bolo veio com a elevação do juro básico para 12,25% ao ano. A taxa que ancora o custo do crédito já subiu cinco pontos percentuais em relação a seu ponto mais baixo, em agosto de 2012 - uma dose intoxicante em qualquer latitude.