Um dia após o corte de luz que afetou pelo menos 11 Estados e o Distrito Federal na segunda-feira, o governo brasileiro tomou uma atitude emergencial para garantir o abastecimento. Na terça-feira, o país recorreu à Argentina para atender a demanda nacional.
O pedido teve como propósito garantir o suprimento das 10h23min às 12h e das 13h às 17h2min. O volume total de energia pedida pelo Brasil ao país vizinho variou entre 500 megawatts (MW) e 1.000 MW. Foi a primeira vez que o Brasil teve que importar energia de países vizinhos desde novembro de 2010.
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A importação realizada ocorreu por meio das interligações no município de Garruchos (RS). O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que é um procedimento "normal e corriqueiro" a importação de energia da Argentina.
De acordo com o ONS, foram importados 165 megawatts médios (MW médios), o que equivaleu a 0,0022% da carga de energia do dia. A importação, segundo o ONS, é feita quando necessário e resulta de convênio firmado em 2006 com os argentinos.
Segundo nota distribuída à imprensa, o acordo cooperativo assinado no dia 1º de janeiro de 2006 entre a ONS e a Compania Administradora del Mercado Mayorista Eletrico S/A (Cammesa), da Argentina, estabelece que "em caso de situações especiais, a Cammesa e o ONS podem realizar importações de energia, a serem compensadas em função de acerto direto entre os dois operadores". De acordo com a nota, "o intercâmbio de energia, nos dois sentidos, vem sendo adotado em diversos momentos ao longo da vigência do acordo".
A energia importada deve ser compensada com devolução em igual montante, não havendo transação financeira, destaca o boletim Acompanhamento Mensal dos Intercâmbios Internacionais de dezembro de 2014 do ONS. Neste mês, não houve troca de energia entre o Brasil e os países vizinhos Argentina, Paraguai e Uruguai. O crédito emergencial acumulado a favor da Argentina alcançava, até dezembro do ano passado, 9.185,81 megawatts-hora (MWh).
A agência Estadão Conteúdo questionou o Ministério de Minas e Energia sobre as razões de não ter informado que houve importação de energia durante a entrevista coletiva realizada depois do apagão. Até o fim da tarde, a pasta não havia se pronunciado a respeito. O titular do MME, Eduardo Braga, afirmou nesta terça-feira que não há falta de energia no país.
*Zero Hora, com Estadão Conteúdo e Agência Brasil