Anda mais azeda a relação do empresariado com o governo Dilma Rousseff. Depois de três anos com crescimento abaixo do esperado e diante de perspectivas pouco animadoras para 2014, a lua de mel do setor produtivo com o Palácio do Planalto se transformou em uma crise tão estridente que levou a presidente a ordenar ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que se reunisse com alguns dos maiores empresários do país na semana passada para uma espécie de sessão DR, para discutir a relação.
A lista de reclamações é extensa. Passa pela percepção de falta de sinais claros do governo sobre qual é a política de desenvolvimento e de medidas para melhorar a competitividade, além de atraso em ações estratégicas. Humberto Barbato, 58 anos, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) é um dos empresários que já começam a expressar desconforto, como relatou a ZH.
Bolados com Dilma: empresários querem discutir a relação com a presidente
"Enquanto não houver demonstrações expressivas de atitudes para solucionar todos os entraves que nos atrapalham, não vamos investir"
Déficit amargo
Porta-voz de um setor que apenas ano passado amargou um déficit de US$ 36,2 bilhões na balança comercial, Humberto Barbato considera a confiança algo demorado para adquirir mas fácil de se perder rapidamente. No caso da indústria elétrica e eletrônica, a ausência de medidas para trazer alívio faz com que predomine o mau humor.
Legislação trabalhista
Um dos principais itens na lista de queixas de Barbato é a legislação trabalhista, especialmente o projeto de lei da terceirização da mão de obra, que não avança no Congresso por compromissos do governo com as centrais sindicais.
- E por que o empresário vai aumentar o número de empregados se, de cada cinco, quatro depois vão à Justiça reclamar dele? Isso é um desestímulo.
Calendário complicado
Não são apenas os juros, a burocracia e o câmbio que trazem aborrecimento. Outro motivo é o calendário. Quando o Carnaval ocorre em março, é como se o ano começasse atrasado. A Copa do Mundo e as eleições também travam negócios
- Teremos vários dias perdidos. Além dos em que ocorrerão jogos do Brasil, as cidades-sede podem também não trabalhar quando houver partidas.
Câmbio como norte
Um movimento positivo do governo seria a gradual pressão no câmbio para valorizar o dólar. A ideia é facilitar exportações e dificultar as importações.
- Assim o governo injetaria competitividade para o setor industrial. É preciso orientar o mercado sobre o nível de câmbio a que se esstaria disposto a chegar.