Existe uma brincadeira que diz mais ou menos assim: se você quer ganhar dinheiro mesmo, crie ou entre numa empresa de petróleo. Não tem como dar errado. Ou não tinha, como pode se ver agora com o inferno astral vivido pela maior companhia do Brasil, que vem se arrastando há um bom tempo, mas, neste momento, parece ter chegado ao seu ápice - até o próximo escândalo aparecer, pelo menos. Em um dia, um ex-diretor é preso sob a acusação de ter participado de um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter alcançado R$ 10 bilhões. No outro, recrudescem as denúncias sobre o malfadado negócio da bilionária compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Refinaria que custou US$ 1,18 bilhão à estatal, mas pela qual sua antiga sócia, a belga Astra Oil, havia pago US$ 42,5 milhões em 2005 - 27 vezes menos. Isso mesmo! Você não leu errado, não.
Neste fogo nada amigo, que mostra luta explícita de petistas contra petistas e ameaças de CPI, também sobrou para a presidente Dilma Rousseff, presidente do conselho da Petrobras em 2006 quando foi dado o aval à compra do primeiro bloco de ações da empresa dos EUA. Nesta semana, a presidente disse que aprovou a operação baseada em um parecer falho e em documentos que omitiam cláusulas do contrato.
Mas outras fontes garantem que ela tinha, sim, acesso a toda a documentação sobre a refinaria, incluindo pareceres jurídicos, e vão além: as reuniões do conselho são precedidas de amplas e exaustivas análises do que será discutido.
E este momento politicamente complicado se une a outro economicamente ruim, com produção aquém das expectativas, discussões sobre o endividamento e perda de valor no mercado da companhia. Em 2010, por exemplo, a Petrobras valia R$ 380 bilhões e, agora, está em cerca de R$ 178 bilhões.
O Financial Times também deu destaque ao tombo: a estatal que já foi a 12ª maior do planeta há cinco anos, ocupa o 120º lugar atualmente.
O resultado é este imbróglio enorme, que aguça a desconfiança do mercado, preocupado ainda com a produção que, com atrasos na entrada em operação de novas plataformas, caiu 2,5% no ano passado com a consequente alta de 17% nas importações. Agora, a estatal promete tentar recuperar: a previsão é de aumento de 7,5% do óleo extraído no país neste ano.
Nesta época de publicidade negativa, o que menos se precisava, aliás, o caldeirão da Petrobras não para de ferver. Infelizmente.