O Fórum Econômico Mundial encerrou neste sábado sua reunião anual em Davos com otimismo moderado e focado nos desequilíbrios que abalam algumas economias emergentes. Num dos últimos painéis do evento, a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, deu o tom ao afirmar que "a recuperação está em processo de consolidação neste momento".
- Acredito que podemos ser prudentemente otimistas sobre as perspectivas da economia mundial. A economia dos Estados Unidos pode crescer 3% ou mais este ano e no próximo. A Europa está, enfim se recuperando, crescendo e o Japão está avançando de forma significativa - comentou o presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda.
- Em economias emergentes como Índia, China, Indonésia e outros, é provável que o crescimento econômico continue sendo alto ou se acelere - acrescentou Kuroda.
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Na terça-feira, o FMI elevou sua previsão de crescimento mundial em 2014, de 3,6% a 3,7% (e reduziu a do Brasil), pouco antes do começo das reuniões do Fórum Econômico Mundial em Davos, com 40 chefes de Estado e de governo e mais de 2.500 participantes.
A volatilidade, o novo risco
A grande dúvida dos trabalhos de Davos veio este ano dos países emergentes, que estão crescendo menos e sofrendo fugas de capital, provocados por uma política monetária americana mais restritiva que torna os investidores muito mais seletivos.
Segundo Lagarde, esta volatilidade "é claramente um novo risco e tem que ser vigiada". A sexta-feira foi marcada pela queda do peso argentino na véspera, a maior em um só dia desde 2002, e da libra turca.
Por razões como esta, Larry Fink, presidente do BlackRock, o maior fundo de investimento do planeta com mais de 4 trilhões de dólares em carteira, pediu prudência.
- Vamos viver em um mundo com muito mais volatilidade - apostou Fink.
- Vamos depender da execução de reformas na China (...), teremos que observar (o primeiro-ministro japonês Shinzo) Abe, e as reformas no Japão, Estados Unidos e outros lugares - acrescentou Fink.
O diretor geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, disse que "é muito cedo para saber qual vai ser o impacto deste fenômeno (da volatilidade monetária) no comércio, que a maioria das vezes responde a tendências a longo prazo".