Pela primeira vez em quase duas décadas, as diferenças, que não são poucas, acabaram deixadas um pouco de lado com o acordo firmado pelos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) para facilitar o comércio entre as nações. Mesmo que a maioria saiba sobre a inexistência de outro caminho a não ser integração comercial e de investimentos, não foi nada fácil convencer um, convencer dois, convencer a maioria de que, hoje, o acordo é imprescindível para se evoluir nas transações mundiais.
Os otimistas calculam em bilhões de dólares o acréscimo para a economia global a partir da queda de entraves em relação ao fluxo de bens em alfândegas, conhecido como "facilitação do comércio". É cedo para prever cifras mais precisas, mesmo assim há poucas dúvidas de que o ganho a partir da redução das barreiras será expressivo e incluirá muitos mercados ainda hoje alijados.
A tendência é a de que, a partir de agora, o Brasil, e outros países também, enfrente menor grau de dificuldade no acesso de seus produtos a mercados em todo o mundo, a partir da desburocratização de procedimentos aduaneiros.
No pacote aprovado em Bali, na Indonésia, além da facilitação do comércio, há menções à agricultura e à promoção do desenvolvimento dos países pobres. Temas que nos interessam diretamente.
O que vem pela frente, apesar do importante primeiro passo, ainda exigirá muitas concessões. De todos os lados. Os países mais ricos querem a abertura dos mercados aos produtos industrializados, enquanto os em desenvolvimento reivindicam o de sempre: a retirada dos subsídios que prejudicam as exportações de produtos agropecuários.
Para destravar o que ainda é complicado, uma boa sugestão, um tanto intermediária: optar por acordos menores e, gradualmente, chegar a um entendimento completo sobre o comércio.
O caminho é longo - serão 12 meses de trabalho para a retomada das negociações - e as expectativas, muitas. E, se tudo correr como o planejado, teremos, enfim, um comércio mais justo entre as nações. Sem tantos desequilíbrios, apenas mais harmônico. É o que se espera.