Depois do custo Brasil, que já não é pouco, agora o custo Mercosul acentua as dificuldades do país em firmar acordos com outros mercados. Os crescentes desentendimentos com a Argentina, ampliados com a restrição à importação de carros, preocupam investidores com o possível agravamento das barreiras ao intercâmbio dos países latinos.
Um dos setores afetados é o elétrico e eletrônico, cuja balança comercial deverá fechar o ano com déficit de US$ 35 bilhões, valor 9% superior ao registrado em 2012 e resultado de exportações de cerca de US$ 7 bilhões e importações de cerca de US$ 42 bilhões.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, as dificuldades em firmar negócios decorrem da obrigação do país de ter que realizar seus acordos em conjunto com seus parceiros de bloco, que vivem uma paralisia no contexto comercial.
Nos últimos 12 anos, foram firmados pelo Brasil apenas três acordos internacionais - com Egito, Israel e Autoridade Palestina -, enquanto, no cenário global, foram negociados 453 acordos, dos quais cerca de 300 notificados na OMC.
- Isso nos permite dizer que, além do tão conhecido custo Brasil, agora temos que suportar um novo custo, o custo Mercosul. A situação nos leva a ficar sem novos mercados para nossos manufaturados - diz Barbato.
No caso dos bens finais do setor eletrônico, a participação dos importados já é de 22,9% no consumo interno. Em contrapartida, a produção nacional teve variação de apenas 2% comparada com o resultado do ano passado.