Com a recuperação anunciada pela OGX suas ações cotadas na Bovespa passaram a valer menos que um chiclete de padaria: meros R$ 0,13. Do fechamento anterior do mercado ao da última quarta-feira, a desvalorização dos papéis da empresa foi de quase 27%.
O pregão desta quinta-feira será o último em que a petroleira de Eike Batista participará da composição do Ibovespa, principal índice que mede a evolução das transações na Bolsa. O papel se despede também de outros nove índices, menos negociados, dos quais fará parte pela última vez - confirmou em comunicado a BM&FBovespa na noite de quarta-feira.
Conforme estava previsto, as ações da OGX ficam suspensas, mas apenas do início do pregão, até as 11 horas. Até às 16h, quem quiser vender ou comprar seus papéis estará liberado. Depois disso, em processo com duração mínima de uma hora, ao fim do pregão, em "procedimento especial de negociação" haverá a "determinação do preço de retirada" da OGX do Ibovespa. Na sexta-feira, portanto, todos os índices que antes contavam com as cotações da petroleira de Eike Batista seguem sem a empresa. E, ao contrário do que se imaginava, a OGX "continuará a ser negociada normalmente" - avisa a nota oficial da Bolsa.
Esse é o primeiro caso do tipo nos mais de 45 anos do índice Ibovespa. Das 73 empresas listadas pelo índice, a OGX detém ainda a sexta maior relevância. Fica atrás somente de Petrobras, Vale, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil. Para William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), não há muito o que lamentar: o mercado só tem a ganhar com a saída da OGX do principal índice da Bolsa.
- Esse sobe e desce das ações da OGX somente vinha servindo para atrapalhar quem investe em fundos indexados ao Ibovespa - diz o economista.
Trajetória conturbada
Desde o maior valor de mercado já alcançado na história da OGX, em outubro de 2010, foram perdidos R$ 74,7 bilhões até o pregão desta quarta-feira. Trata-se de depreciação de 99,3%. A empresa decretou sua recuperação judicial sob o valor de R$ 550,1 milhões, segundo cálculos feitos pela Economática. Quando a OGX abriu seu capital na bolsa (IPO, na sigla em inglês para "oferta pública inicial"), em 12 de junho de 2008, cada ação da empresa foi precificada em R$ 11,31. A partir de então, em meio à série de anúncios promissores feitos ao mercado e projetos com grandes incentivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os papéis alcançaram forte de valorização. Houve um dia em que as ações da empresa valiam pouco mais que um bom chocolate suíço. No seu valor máximo, obtido em 15 de outubro de 2010, custavam R$ 23,27. À época, a empresa de Eike Batista anunciava descobertas e mais descobertas de reservas de petróleo aos acionistas. Um ano antes, por exemplo, revisou em 60% sua estimativa de produção, de 6,8 bilhões para 10,9 bilhões de barris. Linha do tempo: veja a trajetória da OGX e do empresário Eike Batista.