Ícone de Wall Street durante mais de um século, o Lehman Brothers quebrou há cinco anos, dando início a uma das mais devastadoras crises da economia mundial, até hoje não vencida. O Brasil passou pela "marolinha" no início, como definiu o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, saiu antes do vendaval financeiro que quase não poupou ninguém, mas hoje sofre, com problemas de desajuste interno de sua economia, e também - e muito - com os reflexos do desaquecimento dos negócios em boa parte do mundo. Essencialmente em seus tradicionais parceiros, União Europeia e Estados Unidos.
A depressão passou, mas a economia mundial tem dificuldades para recuperar seu potencial. Nos Estados Unidos, à custa de muitos bilhões de dólares, o mercado hoje reage, mas não como precisa para dar resposta à altura das necessidades da ainda maior economia do planeta, fustigada a todo momento pelas garras da China. Dinheiro como há muito tempo não era visto jorrou para reativar as torneiras da economia, traduzido, depois, por níveis de dívida recordes e por uma forte intervenção do Estado, justamente no país que mais prega o livre mercado. Contradições à parte, há um novo capítulo pronto para sair.
O Federal Reserve (Fed, o banco central do EUA), talvez na próxima semana, concretize o fim da política de estímulo, que continua injetando dinheiro na economia por meio de compra mensal de bônus de US$ 85 bilhões. A suspensão da ação vai respingar em boa parte do mundo. Aqui, em especial. Com menos dólares no mercado, a moeda se fortalecerá mais, impactando o real e a inflação brasileira. Mas a queda de braço está aí para quem quiser ver: a arma do Banco Central é continuar os leilões até 2014.
O que nos espera, poucos sabem com clareza. De um lado ou de outro do planeta, porém, com maior ou menor grau, a crise para nós ainda não passou.