Expressão do liberalismo, paraíso da iniciativa privada ou berço do empreendorismo são títulos que cabem bem aos Estados Unidos. A solução para a saída da crise, no entanto, diferente do esperado, coube a um personagem que não costuma ser protagonista na economia americana: o Estado.
Repetindo a estratégia utilizada em 1929, durante a Grande Depressão, o governo assumiu papel central para promover a retomada econômica. Foi sob a batuta do Secretário do Tesouro Henry Paulson e do presidente do Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, que vários bancos e empresas foram salvos. Alguns trocaram de mãos, outros precisaram ser encapados na tentativa de evitar que a crise tomasse proporções ainda maiores.
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Depois de passada a situação mais turbulenta, a dupla jogou a taxa de juro mais para baixo e passou a despejar dinheiro na economia com a compra de títulos na expectativa de estimular o crédito e incentivar os investimentos. Foram cerca de US$ 85 bilhões por mês de lá para cá, o equivalente a US$ 3,6 trilhões. A estratégia adotada pelo governo de ampliar sua participação na economia ao que parece deu certo. Após cinco anos, a indústria americana parece ter recuperado parte do vigor e a taxa de desemprego começa a cair de forma mais consistente.
Depois de ocupar posição central nos debates que marcaram a disputa entre republicanos e democratas na corrida presidencial em novembro passado, o mercado de trabalho ganha força. Em agosto o nível de desocupação chegou a 7,3%, o nível mais baixo desde dezembro de 2008. O desafio agora é retomar o ritmo que tinha no período pré-crise.
- Sinto que existe a percepção de que aqueles anos de "exuberância irracional", sobretudo a sensação de prosperidade sem limites, não voltarão mais. O setor de manufaturas passou por grandes sacrifícios. O segmento bancário agora tem de operar com regras mais restritivas e perdeu grande parte de seu glamour. Mas a resiliência da economia americana não tem igual. A produtividade total dos fatores também impressiona. O clima hoje nos EUA é portanto de um bem temperado otimismo quanto ao futuro - conta Marcos Troyjo, diretor do BRICLab na Universidade Columbia, em Nova York, um centro de estudos sobre Brasil, Rússia, Índia e China.