De novo, o sonho de dar um uso realmente industrial ao carvão gaúcho e garantir mais energia ao país ficou no papel. Investimentos bilionários previstos nos últimos meses continuam na gaveta com o resultado desta quinta-feira do leilão de energia. Nenhuma térmica a carvão disputou porque não se chegou ao preço máximo fixado - R$ 140 por MWh, ainda assim R$ 30 abaixo do considerado razoável pelos investidores.
Pouco depois da notícia de que o governo iria liberar a contratação de térmicas a carvão, pela crise de energia, chegou-se a especular que três projetos para o Estado poderiam disputar o leilão. No final, apenas um entrou no pré-páreo - o de Seival, investimento de R$ 3,1 bilhões em Candiota, da MPX com a alemã E.ON. Agora, mais uma tentativa será feita em dezembro, com novo leilão.
Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Carvão Mineral, não parecia lá muito desmotivado, depois do insucesso, por entender que o fato de o governo reconhecer o potencial da fonte térmica e estar tentando torná-la mais competitiva já deve ser comemorado. Mas, é claro, aposta em dezembro, pois o governo está com um "buraco de energia para 2018" e o país precisa de fontes firmes cada vez mais para assegurar o crescimento.
Na semana passada, o Estado já não tinha ido bem no leilão de energia eólica. Dos 94 projetos habilitados, só quatro foram contratados. Pouca agilidade na concessão de licenças ambientais e falta de conexão com o sistema interligado impediram o avanço.