Enquanto o inverno recém chegou no calendário, nas vitrines de lojas a estação começa a se despedir com as liquidações. A moda rápida, conceito criado por redes com grande velocidade de vendas, leva a reboque marcas locais que também antecipam as promoções. Ainda na última quinzena de junho, várias lojas deram a largada ao torra-torra de inverno.
- Redes maiores trabalham com calendário único, maior velocidade na troca de coleções e margem maior para descontos. É uma estratégia que acaba influenciando todo o mercado - explica Vitor Koch, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado (FCDL-RS).
Os primeiros itens remarcados foram os lançados no começo da coleção outono/inverno, ainda em abril - com descontos de 10% a 70%.
- Eu não gostaria de estar liquidando nossos produtos agora, no auge do inverno na Região Sul. Mas temos de acompanhar o movimento do mercado - reconhece Leila Facci, gerente da loja da marca paranaense Morena Rosa no BarraShoppingSul.
Para os gaúchos, os saldos no auge do inverno permitem a compra de produtos que poderão ser usados ainda nesta temporada.
- Viemos apenas passear no shopping, mas fomos atraídos por preços mais baixos - conta Michele Ignácio, 34 anos, que ao lado do marido, Fabiano Dias de Lima, comprou roupas para o filho Arthur Kaon, de três anos.
Redes globais influenciam antecipação
Criado na Europa por grandes redes - H&M, Zara e Top Shop, por exemplo -, o conceito de fast fashion (moda rápida) é uma estratégia usada por marcas que têm estratégia de produção rápida e contínua de peças, trocando as coleções mais de uma vez por estação. No Brasil, lojas como C&A, Renner e Riachuelo aderiram à tendência na última década.
Para enfrentar a concorrência, varejistas regionais e locais também acabaram adaptando seus calendários de promoções.
- A diferença é que essas grandes redes trabalham com produtos menos sensíveis à temperatura, que podem ser liquidadas em qualquer período do ano - explica Gustavo Schifino, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre.
Com um junho mais frio do que no ano passado, a aposta do dirigente é de que grande parte dos estoques de inverno serão esvaziados em julho - quando estima aumento de 8,5% nas vendas, em relação ao mesmo período de 2012.
- O frio previsto para as próximas semanas e as vendas represadas em razão dos protestos nos faz acreditar em um julho de desempenho satisfatório - resume Schifino.