O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) torce para a desaceleração da inflação, mas diz que falta ao governo da presidente Dilma Rousseff disciplina no gasto público. Sem saber da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que na noite desta quarta-feira, 17, elevou a taxa básica de juro de 7,25% para 7,50% ao ano, FHC declara que aumento de juros "ninguém quer" e que, portanto, não torceria para isso.
- Aumentar juros também não é bom, não é? Estaria torcendo para que não tivéssemos chegado a este momento. O fundamental seria evitar isso antes. E como se evita isso? Com um pouco mais de disciplina no gasto público - avaliou o ex-presidente, após participar, nesta quarta-feira, de uma palestra para estudantes de relações internacionais.
Dizendo-se não ser do grupo que pensa que "quanto pior melhor", o ex-presidente tucano ressaltou que não se pode "brincar com a inflação". Fernando Henrique era ministro da Fazendo quando o Plano Real foi instituído e debelou a elevada inflação no país. FHC disse estar mais preocupado com a alta nos preços da mandioca e, por consequência na farinha, do que com o tomate, apontado como um dos vilões da alta da inflação.
- Me preocupa mais a mandioca que o tomate. Subiu muito o preço. Eu sei também que é sazonal, mas como se tem vários elementos que colocam pressão sobre a inflação simultaneamente, precisa ficar atento - apontou.
Apesar de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter ultrapassado o teto da meta da inflação, ele acredita que isso não é dramático, mas preocupante.
- Tem de estar atento. Não se resolve (a inflação) com bravata, não se resolve com declarações, se resolve com ação e a ação principal (do atual governo) é restabelecer a confiança do país de que o governo está indo no caminho certo - disse, reafirmando que, se o Brasil estivesse no caminho certo, a inflação não estaria da forma como está.