Não importa a plataforma: televisores, computadores, tablets ou smartphones. A invasão dos games em diferentes canais de distribuição tornou o Brasil o quarto maior mercado consumidor do mundo, ao movimentar R$ 840 milhões por ano.
O fascínio dos brasileiros por jogos eletrônicos não é nenhuma novidade, vem desde a época em que os games eram jogados em aparelhos simples e com baixa qualidade. O contorno inédito, porém, é o potencial da indústria nacional de desenvolvedores, que exporta jogos para o mundo.
- Os games são o produto cultural brasileiro mais exportado, pois não enfrentam barreiras culturais e nem de idioma, como filmes e livros, por exemplo - explica o americano Christopher Kastensmidt, professor universitário no Estado.
Um dos cérebros da Southlogic, empresa de games gaúcha criada na década de 1990 e comprada pela produtora francesa Ubisoft em 2009, Kastensmidt acompanhou a evolução da produção de games na última década.
- As plataformas eram fechadas, não podía- mos lançar games independentes, tudo era controlado pelas grandes fabricantes. Hoje, até mesmo pequenas empresas conseguem distribuir jogos. Os sites de games são os mais acessados no país - compara o professor, que leciona em três universidades gaúchas.
O potencial gaúcho na criação de games pode ser dimensionado pelo número de universidades que lançaram cursos recentemente. Unisinos, Feevale e Uniritter oferecem graduação tecnológica em games, enquanto a PUCRS tem especialização na área.
Hoje, uma das principais desenvolvedoras de games do país, a Aquiris Game Studio, tem sede em Porto Alegre. Criada há cinco anos por três jovens em uma sala de 30 metros quadrados, a empresa iniciou com o desenvolvimento de jogos para o mercado publicitário - chamados de advergames.
Em pouco tempo, conquistou clientes como Coca-Cola, Chevrolet, Axe e Embraer. Atualmente, em uma sala de 300 metros quadrados no Tecnopuc, a empresa tem 32 funcionários que, entre outros trabalhos, desenvolvem jogos eletrônicos para a Cartoon Network.
- Agora estamos investindo em jogos próprios e entretenimento - afirma Israel Mendes, um dos sócios da empresa ao lado de Amilton Diesel, Maurício Longoni e Raphael Baldi.
Nesta semana, gigantes dos jogos eletrônicos se reuniram em São Paulo na Brasil Game Show. O evento, que se encerra neste domingo, reuniu cerca de 80 mil visitantes. Estima-se que o mercado de desenvolvedores de games no país seja formado por pelo menos cem empresas, das quais 20 no Rio Grande do Sul.
A Rockhead Games, empresa gaúcha fundada pelos sócios Christian Lykawka e Fernando DAndrea, originários da Southlogic, finalizou neste mês um game para o Windows 8 - o Master of Words, que irá ao ar no dia 25 de outubro. Até dezembro, o jogo será oferecido para as plataformas Windows Phone 8, iOS e Android.
- O game foi criado no novo modelo de negócios em que o jogo é gratuito. Isso ocorre porque utiliza um sistema no qual os anúncios aparecem durante a partida dos usuários - explica Lykawka.
A arrancada desse mercado é puxada também pelas redes sociais. Com experiência em comunicação digital, quatro amigos resolveram apostar em games sociais - jogos formatados para redes como o Facebook. O primeiro jogo, Fancy Animals, no ar há um mês, já tem 9 mil usuários.
- Quando atingirmos 20 mil usuários mensais, o negócio começará a se rentabilizar - projeta Ricardo Lima, um dos sócios da Cupcake.
Indústria criativa
Empresas gaúchas se destacam no desenvolvimento de jogos eletrônicos
Brasil é o quarto maior consumidor do segmento no mundo, movimentando R$ 840 milhões ao ano
Joana Colussi - Direto da Índia
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