Pelo Twitter, Sue Black comandou uma campanha pela memória de Bletchley Park, na Inglaterra, onde o esforço de decifrar códigos nazistas durante a II Guerra Mundial fez surgir o primeiro computador. No ano do centenário do matemático Alan Turing, considerado o pai da computação, a pesquisadora britânica trouxe a Porto Alegre a história do local onde o precursor trabalhou.
Zero Hora - Por que Bletchley Park é considerado o berço da computação?
Sue Black - O Colossus, uma das máquinas criadas para decifrar códigos durante a II Guerra Mundial, é o primeiro computador digital programável do mundo. Ele foi desenvolvido e usado em Bletchley Park.
ZH - Como era trabalhar lá?
Sue - Havia muitas cabanas, um grande lago e quadras de tênis. Mais de 10 mil pessoas trabalhavam lá. Eles decifravam códigos de alemães, japoneses e italianos. Quando o Colossus foi construído, as mulheres garantiam o funcionamento correto. No ambiente, havia máquinas gerando resultados, além de pessoas sentadas, escrevendo. Alan Turing desenvolveu uma máquina que ajudava a quebrar o código da Enigma, usada pelos alemães.
ZH - Por que a senhora decidiu iniciar uma campanha para salvar o lugar?
Sue - Eu não sabia muito sobre Bletchley Park até 2003, quando fui a um evento lá. Eu imaginava que havia abrigado senhores de terno que passavam o dia decifrando códigos. Descobri que muita gente jovem havia trabalhado lá, e que mais da metade eram mulheres, até porque os homens estavam na guerra. Eu precisava chamar a atenção para essa história. Iniciei a campanha em 2008, ao saber que eles estavam com problemas financeiros.
ZH - Como o Twitter foi usado?
Sue - No Twitter, é fácil encontrar pessoas com o mesmo interesse, que queiram espalhar a mensagem. Você pode criar uma massa crítica. Tem um efeito de multiplicação: você encontra pessoas, que podem encontrar outras pessoas, que podem encontrar outras pessoas.
ZH - Qual é o futuro de Bletchley Park?
Sue - Hoje eles não têm mais as preocupações financeiras que tinham anteriormente, o que é ótimo. Mas é um lugar que não recebeu investimentos por muito tempo, e as cabanas foram construídas no final dos anos 30, início dos 40. Por muito tempo, não receberam manutenção. Elas precisam de reformas. Durante o ano que vem, haverá muitas obras. Eles querem transformar o lugar em um museu de nível internacional. Hoje as pessoas podem visitá-lo. Está aberto todos os dias. É muito fácil para quem está em Londres: apenas 36 minutos, de trem. E é muito perto da estação. Se você vai a Londres, é um bom passeio. Os visitantes do Brasil são bem-vindos.