A agricultura familiar do Rio Grande do Sul é feita de números que impressionam. Representa 80,5% do total de estabelecimentos rurais do Estado (294 mil em 365 mil) e abrange um quarto de toda área cultivada, segundo dados do Censo Agropecuário, realizado no ano de 2017 e divulgado em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Expointer, o agricultor familiar surpreenderá novamente. Desta vez, com um recorde da feira: 361 expositores inscritos, 24 a mais do que no ano passado. Entre eles, 338 estandes e sete cozinhas representando 174 municípios gaúchos.
Um dos pilares que fortalece os negócios familiares do campo é a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS). O presidente Carlos Joel da Silva avalia que a principal função do agricultor familiar é agregar valor à produção, seja com inovação em produtos ou agroindústrias.
— Teremos novidades neste ano. As agroindústrias evoluem em conhecimento e testam produtos novos — argumenta.
A faixa etária com mais produtores no Estado, segundo o Censo Agro, é dos 55 aos 64 anos. Ainda assim, 24% dos estabelecimentos inscritos neste ano são liderados por jovens, o que representa 87 empreendimentos em números absolutos. As mulheres comandam 148 expositores (41% do total). Para Carlos Joel, a inovação desperta possibilidade de maior interesse do jovem no agro.
— Ele não fica mais em uma atividade com pouca lucratividade. Ajudar a juventude a ter um pedaço de chão é preciso. A agroindústria vem ao encontro do que o jovem quer: inovar. É agregar valor à produção. Faz com que a família crie novos estabelecimentos na produção — analisa o presidente da Fetag-RS, instituição que reúne 315 sindicatos de trabalhadores rurais de 450 municípios e cerca de 200 mil associados.
Incentivos
A Secretaria de Desenvolvimento Rural, por exemplo, desenvolve o programa Bolsa Juventude Rural desde 2013. Ele oportuniza ao jovem o acesso e a permanência no Ensino Médio e a conclusão dos estudos para potencializar a permanência e a sucessão rural com a implantação de projetos produtivos. Conforme a secretaria, já foram colocadas à disposição 2.748 bolsas, e 77% dos contemplados investem o valor recebido diretamente no seus projetos.
Em apoio geral ao produtor, o Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf ) oferece linhas de crédito com juros mais baixos, por meio do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper). O Peaf também estimula a organização dos agricultores familiares em estruturas associativas e cooperativas.
— No primeiro semestre, apoiamos 15 eventos que, somados, geraram quase R$ 10 milhões em vendas apenas nos espaços destinados à agricultura familiar. Não tenho dúvidas de que os números do pavilhão na Expointer deste ano também baterão todos os recordes — projeta o secretário de Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini.
Cooperativismo
Uma das forças que complementam o apoio do governo estadual ao produtor familiar é o movimento cooperativista. Para o presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, é ele que chega em locais onde o Estado não consegue.
— As cooperativas chegam onde o Estado não chega, com assistência técnica, repasse de tecnologia e inserção do mercado econômico. Para crescer, competir e ter acesso a mercados regionais, nacionais e internacionais — reflete.
Segundo Hartmann, 70% dos associados de cooperativas são pequenos e médios produtores. O presidente defende que são esses empreendimentos que precisam de apoio em competitividade e tecnologia. Um exemplo disso é a plataforma de gerenciamento digital SmartCoop, cita Hartmann.
A agricultura familiar é base para um plano ambicioso do cooperativismo. O RSCOOP150bi é o Plano Gaúcho de Desenvolvimento para o cooperativismo. Ele tem a meta de alcançar R$ 150 bilhões de faturamento, 4 milhões de associados, 100 mil empregos diretos, além de R$ 300 milhões de investimentos em capacitação e R$ 7,5 bilhões de sobras líquidas anuais até 2027.
— A produção de leite, por exemplo, é uma das atividades que mais agrega valor. É uma grande alternativa para a agricultura familiar. A capacidade de profissionalização por meio de pesquisa e assistência técnica tem feito o produtor crescer cada vez mais. Agrega valor ao produtor e permite crescimento — conclui Hartmann.
O Pavilhão da Agricultura Familiar contará com produtores ligados ao artesanato e às flores e plantas. Serão 15 agroindústrias com produtos orgânicos e outros quatro estandes com artesanato indígena das etnias mbyá-guarani, kaingang e xokleng. Os produtos são elaborados com matérias-primas encontradas nas pequenas propriedades rurais, como a lã, as fibras vegetais, o couro, a madeira, os porongos e os artigos de cutelaria ligados à tradição gaúcha. Entre os produtores de plantas e flores se destacam a produção de suculentas, orquídeas, bromélias, cactos e sementes crioulas.
Praça de alimentação
A praça de alimentação do pavilhão terá sete cozinhas vinculadas às agroindústrias familiares e vai oferecer ao público pratos com produtos da agricultura familiar feitos com base em receitas ligadas à tradição e aos costumes das diversas etnias presentes no meio rural gaúcho.
Além de provar receitas que têm a memória do povo gaúcho, os visitantes poderão comprar uma variedade de embutidos, defumados, queijos e laticínios diversos, pães, cucas e biscoitos, doces, geleias, mel, pescados, derivados da cana-de-açúcar, farinhas, vinhos, espumantes, cachaças, sucos, temperos, frutas desidratadas, ovos, licores, erva-mate, grãos, cervejas artesanais.
Novidades de 2023
- Almoços na praça de alimentação promovidos pelas agroindústrias
- Concurso do Melhor Produto do Pavilhão
- Estandes ligados ao artesanato indígena das etnias mbyáguarani, kaingang e xokleng
Produtos novos
- Azeite de nozes
- Embutidos produzidos com carne suína da raça moura
- Alho negro com mel
- Geleia de morango com espumante
- Rosca de coalhada gourmet