Quem tem conta em banco já pode ter recebido uma proposta que parece tentadora: colocar no bolso, imediatamente, uma quantia em dinheiro que só entraria no final do ano. Em tempos de crise, essa possibilidade promete fazer muita gente parar e pensar. São as antecipações de 13° salário e restituição de Imposto de Renda. Mas não se trata de camaradagem.
– O que as pessoas devem saber bem é que se trata de uma compra de dinheiro. O banco oferece a quantia e, depois, a pega de volta com juros e taxas – alerta o educador financeiro Jó Adriano da Cruz.
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Para a instituição, é uma transação mais segura. As antecipações são oferecidas aos clientes, e a garantia de pagamento é o fato de que o 13º ou a restituição são depositados na conta. Também por isso, as taxas e os juros acabam sendo relativamente mais baixos. Mesmo assim, está longe de ser aconselhável de modo geral.
– Só vejo uma situação que pode fazer valer a pena essa operação: ajudar a quitar uma dívida que tenha juros mais altos, como a do cartão de crédito – diz Cruz.
O educador financeiro Adriano Severo destaca que, no caso da restituição, pode haver problemas no cadastro e a necessidade de retificações. Nesses casos, o valor a receber da Receita pode diminuir.
– O banco vai pegar de volta o valor que emprestou. E se o valor da restituição baixar ou não vir, a instituição vai tirar do que houver conta, talvez até do limite – alerta.
O que você precisa saber
O que são as antecipações:
– É a possibilidade de receber de forma imediata o 13º salário ou a restituição do Imposto de Renda.
– A quantia que pode ser antecipada varia de acordo com a instituição e o perfil do cliente.
– Alguns bancos prometem até 100% do que se tem direito, mas a média fica em torno de até 70%. Assim, o banco garante que o cliente terá como pagar a operação.
– É uma "compra de dinheiro", um empréstimo. Quando o valor integral entrar na conta, o banco pega de volta o que emprestou mais juros e taxas.
– Os bancos oferecem essa operação para quem é cliente e usa a conta para receber o 13º ou a restituição do IR.
– É um produto vendido pelo banco, que ganha com isso no final da operação.
Vantagens:
– A liberação é rápida.O dinheiro é creditado diretamente na conta corrente.
– O cliente pode utilizar um dinheiro que só receberia no final do ano ou na data da restituição.
Desvantagens:
– Você perde dinheiro, porque terá de pagar juros e taxas. No fim do ano (ou quando houver o crédito da restituição na sua conta), o banco ficará com mais do que antecipou.
– No caso da restituição, o valor do empréstimo será debitado mesmo se, por algum erro na declaração, o valor a ser devolvido pela Receita for menor. Ou seja, antecipar a restituição é mais arriscado e exige uma declaração de IR perfeita.
Quando é um bom negócio
– Especialistas são unânimes: só é um bom negócio, sem sombra de dúvida, se o valor da antecipação quitar a dívida do cheque especial ou do cartão de crédito.
– Neste caso, os juros da antecipação são muito menores do que os do cartão e do cheque (os mais altos do mercado).
– Por isso, no fim das contas, o cliente acaba ficando com uma dívida menor.
– Uma emergência de saúde sai dessa lógica e pode ser outro motivo.
Qual taxa de juros é cobrada
– Cada instituição trabalha com uma taxa de juros e outras tarifas.
– Ainda assim, para cada cliente, faz-se uma proposta diferente, com taxas menores ou maiores.
– Por exemplo, quem tem conta há pouco tempo, paga mais juros porque o banco considera maior o risco de inadimplência.
– Aquele cliente mais antigo e que nunca fica no negativo paga menos juros.
De olho no CET
– O dado mais importante que o cliente precisa saber quando for à agência bancária, é o Custo Efetivo Total (CET).
– O CET é o total de encargos a serem pagos pelo cliente na operação.
– É expresso em forma de percentual e inclui as taxas de juros, tributos, tarifas, gravames, IOF, registros, seguros e demais despesas.
– Todas as instituições financeiras devem informar qual é o CET na efetivação de um contrato.