Um dos mais importantes símbolos da cultura gaúcha, o chimarrão começou como um hábito entre as tribos indígenas do sul do país no século XVI. Hoje, com inúmeras pesquisas voltadas para o estudo dos benefícios da erva-mate para a saúde, planta base para a bebida, a tradição ganha novos adeptos. Com 237 compostos bioativos em sua composição e dotada de propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antibacterianas, a erva-mate tem se apresentado nas prateleiras dos supermercados com diferentes tipos de moagem e por marcas que investem na diversidade de apresentações, especialmente para o consumidor mais jovem.
– O fato de a erva-mate ser revelada como uma super planta por várias pesquisas têm auxiliado para que ela seja utilizada também na gastronomia e na indústria farmacêutica. Como indústria, precisamos saber explorar isso – explica Joel Gaio, diretor da Buena Erva-Mate, empresa localizada na cidade de Ilópolis, no Vale do Taquari.
Filho de produtores de erva-mate, ele cresceu cercado pelas lavouras da planta e destaca que o desafio de oferecer produtos pensando em diferentes paladares e realidades é o que motiva os constantes lançamentos da marca. Seja nas versões com açúcar ou no formato de composto, a Buena Erva-Mate desde 2015 tem mantido seu foco nos consumidores que não dispensam um bom chimarrão. Além disso, encontrou mercado no chamado consumo extra cuia, que envolve a presença da erva-mate em compostos com ingredientes naturais que podem ser utilizados em receitas. Tudo isso, apresentado em embalagens diferenciadas.
Em entrevista, Joel Gaio comenta sobre o mercado e a história da empresa com a erva-mate. Confira:
Como surgiu a empresa Buena Erva-Mate. O que interessou vocês a investirem neste setor?
Eu e minha esposa nos mudamos para Santa Catarina em 2011. Lá, começamos a identificar que as marcas locais de erva-mate atendiam o público, mas havia uma lacuna, que era uma demanda por marcas do Rio Grande do Sul. Com base nisso, decidimos reativar as lavouras de erva-mate no Estado nas quais já havíamos trabalhado, montar um grupo de produtores que nos auxiliassem com o fornecimento de matéria-prima para ser industrializada e realizar vendas para Santa Catarina. Isso tudo foi em 2015. Em janeiro de 2017, inauguramos nossa própria indústria, contando com equipamentos modernos e que contribuem para extrair o máximo de qualidade da excelente matéria-prima própria e que nossos colaboradores nos fornecem. Neste ano, também iniciamos nossas vendas no Rio Grande do Sul e no Paraná.
A erva-mate possui vários benefícios para a saúde e tem sido uma planta bastante presente em pesquisas científicas e na composição de cosméticos. Como vocês observam o perfil dos consumidores deste produto?
O primeiro consumidor é bem regional, que consome a planta no chimarrão. Porém, pelo fato de a erva-mate ser revelada como uma super planta por várias pesquisas, com 237 compostos bioativos, tem auxiliado para que ela seja utilizada também na gastronomia, na indústria farmacêutica e na preparação de outras bebidas. Isso aproxima um público novo para a erva-mate. Temos que saber, como indústria, explorar isso. Não queremos “engauchar” o povo que não consome o chimarrão, mas oferecer a ele um produto que atenda suas necessidades para que eles consumam por conta dos seus benefícios. O mundo ainda precisa descobrir a erva-mate. Há muito por acontecer para que possamos buscar um mercado externo sólido.
Quais produtos têm ganhado destaque dentro das variedades da Buena Erva-Mate?
Temos um produto que vem em ascensão desde o lançamento, que é a Buena Suprema. Ela é uma erva-mate embalada à vácuo e que possui uma segunda embalagem de juta, para trazer um aspecto de produto artesanal. Há muito cuidado e carinho na sua produção, que conta com plantas nativas que estão em área de mata, sempre respeitando o ciclo da planta. Também estamos investindo em compostos, uma linha que vem ganhando muitos adeptos. Eles contam com adição de chás naturais, sem essências e aromatizantes.
Quais os planos para o futuro da empresa? Há previsão de lançamentos?
Embora sejamos uma empresa jovem, temos um planejamento estratégico robusto. Trabalhamos, desde sempre, no cultivo das lavouras de erva-mate. Nós vendíamos a nossa produção para outras indústrias. Em determinado momento, optei por estudar Direito. Atuei como advogado, fui funcionário público, oficial da Polícia Militar em Santa Catarina por 10 anos. Minha esposa, que também é minha sócia, é natural do município de Anta Gorda e também trabalhava com erva-mate. Quando fomos para Santa Catarina, ela foi estudar Administração e tivemos a oportunidade de avaliar com mais calma o negócio e formarmos a indústria. Todo ano nós temos um lançamento. Agora, no mês de setembro, temos a chegada de um novo composto, com uma nova roupagem, que remete ao sabor de família, uma grande novidade. Além disso, estamos migrando, dentro do nosso planejamento estratégico, para novos mercados, novas possibilidades que vêm se apresentando para um consumo extra cuia. No decorrer do próximo ano vão chegar produtos para buscarmos mercado fora do círculo de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Também está no nosso radar o início de uma estocagem para que possamos nos habilitar para a exportação em breve.