O mercado de cafés no Brasil tem grande representatividade. Prova disso é que se trata do maior produtor e exportador no mundo. Na safra 2022/23, por exemplo, foram produzidos 66,4 milhões de sacos de 60 kg, que representaram 38,1% da produção global. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), os números confirmam uma ampla vantagem para o segundo e o terceiro colocados – Vietnã (17,8% e 31,1 milhões de sacos) e Colômbia (6,7% e 11,6 milhões de sacos), respectivamente.
O Brasil também ocupa a posição de segundo maior consumidor de café do mundo. A diferença para o primeiro lugar, conquistado pelos Estados Unidos, é de apenas 5,2 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
– O café é parte integral da cultura brasileira. Somos imersos nessa tradição desde cedo por meio do convívio diário com a bebida em nossas famílias. Isso, no entanto, não significa ter acesso a um produto de qualidade. Por anos, ficamos habituados a consumir cafés com altos níveis de impureza e com defeitos no processo produtivo, geralmente encobertos por torras exageradamente escuras – alerta o sócio-fundador do Origem Coffee Co., Felipe Hauck.
Os produtos mais comuns vendidos pela indústria nacional trazem o visual e o sabor do que seria café: um líquido escuro, com excesso de sabores amargos e adstringentes. Mas o contato dos consumidores com produtos de melhor qualidade e o maior entendimento a respeito do grão têm movimentado o mercado. Entenda os principais motivos que levaram à alta procura pelos chamados cafés especiais.
1. Venda direta do produtor para torrefações
Historicamente, os pequenos e médios produtores vendiam o café localmente para os chamados atravessadores. Isto é, corretores ou empresas que compravam os lotes não beneficiados, revendendo os cafés comuns no mercado nacional e direcionando os melhores lotes para exportação.
A Associação Brasileira de Indústria do Café (Abic), por exemplo, classifica os pós Tradicional e Extraforte, os mais consumidos no País, com nota entre 4,5 e 5,9. Isso é uma classificação baixa. Nos últimos anos, contudo, a redescoberta do café pelo público levou a indústria nacional a valorizar a qualidade em massa.
– Negociamos diretamente com fazendeiros que exportam para Europa e Estados Unidos. Nosso objetivo é comprar os mesmos lotes e conseguir manter parte dentro do Brasil. Assim, é possível oferecer ao consumidor cafés especiais por um preço mais acessível do que aquele que seria praticado se existisse o bate e volta do produto – explica Hauck.
2. Maior investimento em tecnologia
Os produtores rurais passaram a investir em maquinário e processos mais sofisticados de colheita, de separação e de limpeza dos grãos, agregando, assim, valor à matéria-prima que antes era exportada de maneira bruta.
– Tudo isso nos ajuda a manter a qualidade e o frescor do produto. Isso porque, quando o café deixa de fazer a jornada até o exterior, ele fica muito mais vivo – afirma o executivo.
3. Aumento de presença nas gôndolas
O consumo de cafés especiais no Brasil costuma ser feito em cafeterias especializadas, mas já existe um movimento na indústria para que sejam vendidos nos supermercados e ao alcance da grande população.
Tanto é que os produtos do Origem Coffee Co. são distribuídos em supermercados. Também é possível encontrá-los via e-commerce e nas três lojas físicas da marca em Porto Alegre (BarraShoppingSul, Shopping Praia de Belas e Shopping Iguatemi Porto Alegre).
– A oferta de cafés de melhor qualidade é um pré-requisito para o avanço de sua demanda no País. Em suma, os consumidores merecem um produto melhor, em embalagens melhores, com mais conveniência e preços mais competitivos – conclui o sócio-fundador da empresa gaúcha.