O cooperativismo é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um catalisador de desenvolvimento socialmente inclusivo. Isso porque tem capacidade de fortalecer comunidades por meio de empregos e geração de renda. Em tempos de Covid-19, com um cenário de retração econômica, o modelo se mostra ainda mais eficaz, uma vez que continuou crescendo e contratando pessoas.
Hoje, no País, existem 17 milhões de cooperados. As informações do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2021 – que apresenta números referentes a 2020 – também apontam que o setor empregou mais de 455 mil pessoas (crescimento de 6% em comparação ao ano anterior) e injetou nos cofres públicos mais de R$ 13 bilhões em tributos (alta de 19%).
Para o gerente de Promoção Social do Sescoop/RS, José Zigomar Vieira dos Santos, a ajuda mútua e a autogestão, intrínsecas no DNA do modelo, são os principais motivos para o sucesso do cooperativismo mesmo em contextos adversos. De acordo com ele, as pessoas são valorizadas pelo que são e não pelo que têm.
● Acompanhe o YouTube do Sistema Ocergs-Sescoop/RS para saber mais sobre o cooperativismo gaúcho
Cooperativismo gaúcho
O Rio Grande do Sul é considerado um estado cooperativista, pois 53,4% da população está envolvida com o modelo econômico e social. Ao todo, são 455 cooperativas e 3,06 milhões de associados. Os dados foram retirados da Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2021, que apresenta o balanço de 2020 e é elaborado anualmente pela Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs).
Com mais da metade dos cidadãos vinculados a alguma cooperativa, os números em ano de pandemia são animadores. No acumulado de 2020, o estado registrou sobras de R$ 2,9 bilhões – crescimento de 22,5% frente a 2019. Aqui, “sobras” é o termo usado pelas cooperativas para denominar o lucro gerado.
– Uma das vantagens das cooperativas em relação a um empreendimento mercantil é que a riqueza gerada ao final do ano permanece circulando na economia do Rio Grande do Sul. Isto é, não há evasão de recursos para outro estado ou país. Em modelos distintos, contudo, o resultado é patrimônio dos poucos donos e esse lucro nem sempre é aplicado na região – explica o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Frederico Perius.
Ainda segundo a Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2021, os principais responsáveis pela prosperidade do modelo são os setores Agropecuário, Saúde e Crédito. Juntos, eles empregam 90% dos colaboradores em cooperativas. Um total de 57,9 mil contratados. E mais: o salário médio é de R$ 2.460 – 5% superior ao setor privado.
– Isso se deve, principalmente, a novos investimentos que foram feitos. No setor Agropecuário houve melhora na infraestrutura, logística e armazenagem. Já as cooperativas de Crédito apresentaram novas tecnologias no sistema financeiro. No segmento de Saúde, por sua vez, foram criados nove hospitais Unimed – comenta o presidente da entidade.
Ações sociais
Além de contribuir com o cenário econômico, o cooperativismo tem o compromisso com a comunidade. Exemplo disso é uma série de ações sociais que o Sistema Ocergs-Sescoop/RS e as cooperativas realizam para auxiliar a população gaúcha. E elas se tornaram ainda mais relevantes durante a pandemia do novo coronavírus.
O programa nacional Dia C (Dia de Cooperar), por exemplo, é uma iniciativa promovida pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) que marca presença no Rio Grande do Sul desde 2015. O objetivo é desenvolver e divulgar ações de responsabilidade social realizadas pelas cooperativas ao longo do ano, colocando em prática os valores e princípios cooperativistas, por meio de ações voluntárias.
– Em 2020, o programa focou em iniciativas de arrecadação de alimentos para ajudar no combate à fome no Rio Grande do Sul. Mais de 8,5 mil voluntários de cooperativas gaúchas levaram atendimento para mais de 430 mil pessoas – ressalta Santos.
Outro projeto que vale destaque é o Marmita Coop, que integra o Dia C. Aqui, os voluntários são empregados do Sistema Ocergs-Sescoop/RS e a proposta é arrecadar alimentos para comunidades em situação de risco social. De forma geral, são distribuídas marmitas e cestas básicas, além de roupas, calçados, brinquedos e produtos de higiene.
– Desde a primeira edição, o grupo já distribuiu mais de 1,5 tonelada de alimentos – aponta o especialista.
O Sistema Ocergs-Sescoop/RS pretende continuar com as ações sociais no futuro, pois, além de melhorar a vida das pessoas e comunidades, é uma oportunidade de praticar os princípios e valores universais que norteiam os empreendimentos cooperativos.