Considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um modelo econômico e social que gera e distribui riquezas de maneira justa para cada associado, o cooperativismo está presente em mais de 100 países. Estima-se que pelo menos 12% das pessoas no mundo estão associadas a uma das 3 milhões de cooperativas do planeta, de acordo com a Aliança Cooperativa Internacional.
Em 2020, as cooperativas gaúchas faturaram R$ 52,1 bilhões, de acordo com o levantamento divulgado no relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2021, realizado pela Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), e os resultados não foram apenas financeiros.
- Por que as cooperativas cresceram em meio à pandemia? A pandemia nos trouxe um pedido de coletividade e cooperação em todos os sentidos. A cooperação une as pessoas durante os períodos de crises - afirma Vergilio Perius, presidente do Sistema Ocergs.
E essa união se mostra em números: segundo o relatório, o número de associados às 455 cooperativas gaúchas passou de 2,97 milhões para 3,06 milhões no ano passado.
- Cidades que possuem cooperativas percebem que a saúde e a educação avançaram e que há uma participação mais objetiva da comunidade. Isso chama atenção para a funcionalidade do sistema de cooperativismo - destaca Perius.
Melhores oportunidades para todos
Para o presidente do Sistema Ocergs, Vergilio Perius, o cooperativismo é o caminho para unir desenvolvimento econômico e social, produtividade e sustentabilidade, individual e coletivo. E essa potência mais uma vez mostrou resultados positivos em diversos indicadores.
De acordo com o levantamento, no último ano, o crescimento registrado nas sobras apuradas foi de 22,5%, alcançando o valor de R$ 2,9 bilhões. As cooperativas no Rio Grande do Sul geraram R$ 2,1 bilhões de tributos, destes, R$ 1,1 bilhão foram tributos estaduais e R$ 1 bilhão em tributos federais. Os tributos destinados aos municípios foram de R$ 80 milhões.
Outro indicador que o cooperativismo trouxe resultados foi na geração de empregos.
- É um número extremamente significativo já que os empregos reduziram no Rio Grande do Sul devido à pandemia. As cooperativas, sobretudo as cooperativas agroindustriais, de saúde e de crédito, investiram em infraestrutura e trouxeram conforto aos gaúchos - afirma Perius.
No acumulado referente à 2020, o saldo de empregos de carteira assinada nas cooperativas foi de 3.683, o que significa uma variação relativa de 5,7%. O aumento no número de postos de trabalho no setor, que registrou 68.303 empregos diretos em 2020, faz contraste aos números do Rio Grande do Sul. O estado obteve o segundo pior saldo no mercado de trabalho formal no Brasil, com o fechamento de 20.220 empregos.
As cooperativas agropecuárias registraram faturamento de R$ 35 bilhões, um aumento de 11,8% em relação a 2020. São 63 cooperativas no Estado que possuem planta industrial e produzem cerca de 131 produtos diferentes.
“No cooperativismo, as pessoas se juntam em torno de um mesmo objetivo. Em uma organização em que todos são donos do próprio negócio, o poder de competição no mercado aumenta, transformando a comunidade local, o país e o mundo em um lugar com mais oportunidade para todos”, diz o presidente do Sistema Ocergs.
Outros setores que apresentaram bons resultados foram as áreas da saúde, infraestrutura e crédito: 1,8 milhão de beneficiários de planos de saúde no RS estão ligados a cooperativas, hoje representando 46% das operadoras no RS.
O ramo Crédito ampliou em 34% a captação de recursos nos depósitos a prazo, registrando R$ 28,5 bilhões nessa modalidade, e as cooperativas do ramo Infraestrutura já somam mais de 303 mil consumidores nos 369 municípios que atendem no Rio Grande do Sul.
A força do cooperativismo na prática
Completando 12 anos no Brasil, o Dia de Cooperar, conhecido como Dia C, está no calendário das cooperativas gaúchas desde 2015. Espalhados por todas as partes do Estado, cerca de 8.524 voluntários de 339 cooperativas e entidades parceiras realizaram diversas atividades com as comunidades em 2020. José Zigomar, responsável pelo Dia C no Sescoop/RS, afirma que o número de voluntários cresceu em relação a 2015.
- Em 2015 eram cerca de 4 mil voluntários, hoje já dobramos em relação ao começo. Esses voluntários realizam campanhas e mapeiam as comunidades onde vivem detectando e propondo ações para resolver essas carências - afirma Zigomar.
Os voluntários do Dia C realizam ações como doação de sangue, alimentos, compras de materiais para proteção contra a covid-19, limpeza de rios, ações de melhoramento em escolas, creches e asilos da comunidade, entre outras.
Em 2021, o Sistema Ocergs está incentivando que as cooperativas realizem a arrecadação de alimentos em diversas regiões do Estado. “Estamos nos reunindo virtualmente todos os dias com cooperativas e convidando para que todos façam parte desta grande arrecadação de alimentos, e essa arrecadação continuará acontecendo durante o ano todo”, explica Zigomar.
De acordo com o responsável pelo programa, o tema da fome não é por acaso. O cenário passado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostrou que um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que 9,5% da população mundial estará em situação de fome até 2030. De acordo com a Agência Brasil, no final de 2020, cerca de 116,8 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar no país.
No dia 3 de julho, data em que se comemora o Dia Internacional do Cooperativismo, um grupo de voluntários do Sistema Ocergs realiza a ação “Marmita Coop”, projeto desenvolvido para ajudar no combate à fome, que se agravou por conta da pandemia da Covid-19. Ao todo, serão distribuídas 350 marmitas para a comunidade da Lomba do Pinheiro, na zona leste de Porto Alegre.
“As cooperativas desenvolvem constantemente ações de responsabilidade social e se envolvem com as comunidades em que atuam. E neste ano, queremos mostrar que as cooperativas enfrentam a crise causada pela Covid-19 com solidariedade, sendo a melhor alternativa de recuperação através da união das pessoas”, defende o presidente do Sistema Ocergs, Vergilio Perius.
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