A final do 39º Freio de Ouro foi realizada sem público e com barro na tarde deste domingo (27) no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Em razão da pandemia de coronavírus, pela primeira vez, os fãs da principal competição de raça de cavalos crioulos na América do Sul não puderam acompanhar as provas das arquibancadas, na Expointer. Mas quem assistiu ao vivo pela internet pôde vibrar com a vitória de um cavalo de cabanha uruguaia e da égua de um criatório de Santa Cruz do Sul.
Colibri Matrero liderou ao longo de todo o domingo. O cavalo já tinha um nome conhecido: fora campeão do Freio de Ouro Ficcc em 2018, conhecida como a “Copa do Mundo” do Cavalo Crioulo.
O jurado Lauro Martins destaca que o animal veio defender este título e acabou superando as expectativas. Para Martins, a velocidade dele é o que mais impressiona. O expositor de Colibri, Juan Salustiano Peirano, da Cabaña La Pacifica, acrescenta, meio em português, meio em espanhol:
— É um cavalo que nasceu bom, se domou bom e foi crescendo até chegar aqui.
Brasileiro, o ginete de Colibri levantou a bandeira uruguaia logo que alcançou a pontuação total de 22,217 e garantiu a vitória.
— O Uruguai em peso me mandou mensagem. Eu sei que eles estão muito contentes hoje, e eu que me sinto metade uruguaio — destacou Gabriel Marty.
Entre as fêmeas, Balisa III do Itapororó levou a melhor. Diferente de Colibri, a égua largou em sexto e acabou avançando na tabela ao longo do domingo.
Em junho, havia ganhado o Bocal de Ouro, uma das provas classificatórias do Freio, disputada apenas entre competidores inéditos. A égua também já tinha sido terceira Melhor Fêmea na Morfologia da Expointer em 2017. E é esse um dos diferencial apontados pelo jurado Mario Sunê:
— Ela foi a mais pontuada na morfologia. Acabou não tendo um desempenho destacado na sequência, na andadura, mas cresceu barbaramente após. Manteve um desempenho uniforme no quesito com gado.
A expositora Rosalie Negrini Jones ressalta outra característica:
— Ela é muito meiga e muito fácil de lidar. Uma égua especial.
Freio de Ouro com Balisa, o ginete Fabio Teixeira da Silveira também levou o Freio de Prata com Divindad na categoria fêmea e o mesmo prêmio com Fantástico na categoria macho. Ele admitiu que “nem nos melhores sonhos imaginou isso”.
— Só de estar numa final do Freio é uma vitória para a gente, que trabalha, que vive disso. E quando dá certo, de conseguir ganhar, é inexplicável a emoção — acrescentou.
Ao todo, 14 machos e 14 fêmeas garantiram a vaga na final disputa. A primeira prova, de mangueira, se iniciou às 13h — em uma mangueira de 16 por nove metros, o ginete precisa manter apartado um novilho durante 30 segundos e, em seguida, realiza duas pechadas em um novilho.
A tarde ainda teve provas de Bayard/Sarmento (realização de percurso predeterminado, em linha reta, onde deverão ser executadas esbarradas, atropeladas, voltas sobre pata e recuada) e Campo (duas paleteadas com retomada e recondução do novilho).
Além de impedir o público externo nas arquibancadas — a grande final costumava ser a prova que reúne o maior público na Expointer, mas apenas as equipes foram permitidas neste ano — , a pandemia de covid-19 motivou uma série de medidas de proteção: ao longo das classificatórias, foram feitos mais de 500 testes de covid-19 com ginetes, tratadores, proprietários, entre outros.
O presidente da ABCCC, Francisco Fleck, comemora o final exitoso da competição:
— Conseguimos realizar a final nesse ano complicado, e acho que fomos felizes de conseguir criar esse protocolo.
Também foi estabelecido o uso obrigatório de máscara a todos, medição de temperatura, acesso restrito a criadores, ginetes e equipe técnica e atuação de monitores, com a aplicação de questionários.
Confira a classificação
Fêmeas
Freio de Ouro (1º lugar) - Balisa III do Itapororó
- Criador: Condomínio Rural Itapororó/Santa Marta
- Expositor: Rosalite Tavares Negrini Jones
- Estabelecimento: Cabanha Quaraci, Santa Cruz do Sul (RS)
- Ginete: Fabio Teixeira da Silveira
- Média: 21,199
Freio de Prata (2º lugar) - Divindad 42 Nombrado
- Criador: Gabriela Zancanaro Tonet
- Expositor: Gabriela Zancanaro Tonet e Fernando Tonet
- Estabelecimento: Cabanha da Figueira, Panambi (RS)
- Ginete: Fabio Teixeira da Silveira
- Média: 20,576
Freio de Bronze (3º lugar): Jaguel Nueve Lunas
- Criador: Green Bent S/A
- Expositor: Green Belt S/A e Fernando Lampert Weiand
- Estabelecimento: Cabanhas Septiembre e Maufer, Cruzeiro do Sul (RS)
- Ginete: Claudio dos Santos Fagundes
- Média: 20,470
Freio de Alpaca (4º lugar): Poral Calandria II
- Criador: José Maria Campiotti Buela
- Expositor:José Maria Campiotti Buela
- Estabelecimento: Cabaña Don Poro, Lavelleja (UY)
- Ginete: Juan Pablo Gonzáles
- Média: 20,255
Machos
Freio de Ouro (1º lugar) - Colibri Matrero
- Criador: La Pacífica
- Expositor: Cabana La Pacífica
- Estabelecimento: Cabana La Pacífica (UY)
- Ginete: Gabriel Viola Marty
- Média: 22,217
Freio de Prata - Fantástico de São Pedro
- Criador: Eduardo Macedo Linhares
- Expositor: Eduardo Macedo Linhares, Rodrigo Castellarin Fialho
- Estabelecimento: Estancia Gap São Pedro, Cabanha La Pátria, Uruguaiana (RS)
- Ginete: Fabio Teixeira da Silveira
- Média: 21,577
Freio de Bronze - Zêrere do Canguçu
- Criador: Mauro Duarte Mabilde Silveira
- Expositor: Júlio César Carlotto, Emiliando Lopes e Santiago Juan Cruz Tapia
- Estabelecimento: Cabanha OJ, Cabaña Cerro Chenque, Cabaña La Delfina, Erechim (RS) e Argentina
- Ginete: Fagner Crescencio Espindola
- Média: 21,242
Freio de Alpaca - Escorpião de São Pedro
- Criador: Eduardo Macedo Linhares
- Expositor: Artur Freire Diogo Junior
- Estabelecimento: Estancia São Diogo, Santa Vitória do Palmar (RS)
- Ginete: José Fonseca Macedo
- Média: 20,698