Para quem trabalha com o modo convencional de produção da proteína, a inovação gestada nos laboratórios também é vista como realidade próxima e inevitável. Indústria e produtores não veem, no entanto, a fatia artificialmente desenvolvida como substituta e, sim, complemento.
— A evolução natural é criar alternativas ao consumidor, vemos isso com serenidade — garante Antonio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
No mesmo tom, Francisco Turra, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entende que o novo negócio não intimida o tradicional e servirá como opção. Igualmente atenta, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mantém em seu radar de monitoramento questões relacionadas ao mercado. E diz que o receio não é com o produto em si, mas com o argumento por trás dele.
— Nossa preocupação neste momento é só que não se criem falsos mitos em relação à proteína animal, que não condizem com a realidade da produção brasileira — observa Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA.
País pretende ressaltar boas práticas no campo
Lucchi acrescenta que o Brasil é considerado referência em produção sustentável, com mais de 90% do rebanho em pastagem, em linha com boas práticas e sistemas de integração lavoura-pecuária, que constituem um “processo diferenciado”.
Nossa preocupação neste momento é só que não se criem falsos mitos em relação à proteína animal, que não condizem com a realidade da produção brasileira.
BRUNO LUCCHI
Superintendente técnico da CNA
— Cada vez mais, estamos percebendo as exigências de bem-estar animal por parte do consumidor — completa Turra, sobre iniciativas hoje já aplicadas no sistema, como a criação de aves livres.
Os dirigentes defendem também uma comunicação clara para o consumidor, diferenciando o produto que teve origem no laboratório daquele que veio do campo.
— Deve ser sempre respeitado e esclarecido ao consumidor as condições, as características de todos os processos — reforça Camardelli.