Foi a história dos caranguejos-ferradura que serviu de inspiração para os fundadores da Finless Foods apostarem na ideia de desenvolver peixe em laboratório. Os crustáceos eram usados pela indústria farmacêutica em razão do sangue azul, capaz de identificar contaminações. Ao lerem um artigo sobre grupo de cientistas que conseguiu criar alternativa para produzir igual componente sem precisar usar os animais, decidiram apostar em algo também focado na vida existente nos oceanos.
— Pensamos: que outras coisas poderíamos fazer, no mar, para retirar o animal da equação, modificar o ciclo delicado que existe no oceano. Nos demos conta de que não éramos malucos, que havia outras pessoas fazendo coisas no espaço. E, depois, compramos uma passagem só de ida para a Califórnia — conta Brian Wyrwas, cofundador da startup, com formação na área de bioquímica e biologia molecular.
É exatamente isso que estamos fazendo. Levando a produção de carne a um nível celular.
A empresa, localizada na Califórnia, recebeu seu primeiro investimento há dois anos e meio. E em 7 de setembro de 2017 apresentou o primeiro protótipo de proteína de peixe desenvolvida em laboratório.
— A produção da carne de peixe ocorre entre a pele e o osso, em nível celular. E é exatamente isso que estamos fazendo. Levando a produção de carne a um nível celular.
Espécie foi escolhida por estar em lista de risco
A escolha da espécie de peixe a ser reproduzido, o atum-rabilho, tem relação, explica o cofundador, com o fato de estar constantemente incluído nas listas de espécies em risco.
A Finless Foods tem hoje 12 funcionários e busca dar escala para tornar o produto acessível. Mas, afinal, qual o prazo para que o atum resultante da pesquisa seja um item disponível ao consumidor?
— Considerando investimentos a serem feitos, tecnologia desenvolvida e regulação, é difícil apontar com precisão quando, mas acho que, nos próximos dois anos, veremos mais e mais produtos que usam o desenvolvimento celular como forma de produção sendo lançados.